quinta-feira, 22 de outubro de 2020

«Em todos os jardins» de Sophia de Mello Breyner Andresen



Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de novembro de 1919 e morreu em Lisboa, no dia 2 de julho de 2004.
Podem ver acima o itinerário dos lugares mais importantes na vida de Sophia, bem como informações sobra a sua vida.


EM TODOS OS JARDINS

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.


Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.


Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.



Sophia de Mello Breyner Andresen



terça-feira, 13 de outubro de 2020

«Diário de um jovem naturalista» de Dara McAnulty,

Transcrição do artigo de Helena Geraldes, publicado na revista Wilder sobre este jovem irlandês, que não obstante o seu problema de autismo, escreveu um livro impressionante sobre a natureza.


Dara McAnulty, 16 anos, vence prémio britânico de escrita de natureza

 

Diary of a Young Naturalist venceu o Wainwright Prize 2020, prémio de escrita de natureza. Júri pede para o livro ser integrado na lista de livros aconselhados para as escolas britânicas.

Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio, que vai já na sétima edição, reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

A oito de Setembro foram revelados os vencedores da edição de 2020, numa cerimónia realizada online por causa do Covid-19.

Dara McAnulty, naturalista irlandês, venceu na categoria de escritores britânicos, com o livro Diary of a Young Naturalist, e Benedict Macdonald na categoria de Conservação Mundial, com a obra Rebirding – Restoring Britain’s Wildlife.

Diary of a Young Naturalist narra o dia-a-dia de Dara McAnulty que tinha, então, 15 anos. “O livro de Dara é um retrato extraordinário da sua intensa ligação ao mundo natural, ao mesmo tempo que é a sua perspectiva enquanto adolescente autista dos exames na escola e das amizades”, segundo um comunicado oficial.

Ao longo de um ano e a partir da sua região na Irlanda do Norte, Dara passou as quatro estações a escrever.

“Fui diagnosticado com Asperger/autismo quando tinha cinco anos… Aos sete anos sabia que era muito diferente. Acostumei-me ao isolamento. A minha incapacidade de me ligar ao mundo falando de futebol ou de Minecraft não era tolerada. Depois veio o bullying. A natureza tornou-se muito mais do que um escape; tornou-se um sistema de suporte de vida”, disse Dara McAnulty, em comunicado.

The Diary of a Young Naturalist é um livro de natureza significativo, ainda mais porque é o primeiro livro de Dara McAnulty, escrito quando ele ainda tinha 15 anos”, comentou Julia Bradbury, presidente do júri e apresentadora de televisão.

Este é um “maravilhoso diário que se encaixa nas aventuras de Dara e nas suas experiências familiares mas, principalmente, é moldado pela natureza que nos rodeia a todos”, acrescentou Julia Bradbury.

“Os membros do júri ficaram estupefactos ao ler o livro e gostariam de pedir para que fosse imediatamente integrado na lista nacional de livros escolares. Tal é o poder do livro para incentivar à acção para a situação de emergência que enfrentamos.”

Mike Parker ganhou uma menção honrosa nesta categoria com o livro On the Red Hill.

Este ano, na sua sétima edição, os prémios Wainwright passaram a ter uma segunda categoria, dedicada à Conservação Mundial e às alterações climáticas.

O grande vencedor foi Rebirding, de Benedict MacDonald. “Considerado “visionário” tanto por conservacionistas como por gestores de terrenos em zonas rurais, Rebirding é um manifesto pela recuperação da vida selvagem de Inglaterra, apostando num rewilding das suas espécies e na recuperação de postos de trabalho rurais. Para benefício de todos”, segundo o comunicado oficial.

“Rebirding é um livro sobre questões complexas e contenciosas”, comentou Charlotte Smith, presidente do júri para a categoria Conservação Mundial. “Leva em conta as necessidades das aves, como seria de esperar, mas também do futuro das comunidades rurais de uma forma interessante e envolvente.”

Irreplaceable, de Julian Hoffman, foi distinguido com uma menção honrosa nesta categoria.

O vencedor do ano passado foi Underland, de Robert Macfarlane.

Os vencedores desta edição recebem um prémio de 5.000 libras (cerca de 7.000 euros).

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Avenida da República

toponimialisboa.wordpress.com%2F2016%2F07%2F06%2Fa-avenida-da-republica-e-o-palacete-valmor



Hoje comemora-se a implantação da República no nosso país, há precisamente 110 anos.

A propósito desta data, encontrei um vídeo de grande interesse que mostra imagens sobre esse facto e sobre a evolução do que hoje se chama a Avenida da República.

É um site da Câmara Municipal de Lisboa, que se chama Toponímia de Lisboa, onde se pode saber informações sobre as ruas de Lisboa. 




sexta-feira, 2 de outubro de 2020

«Outubro» de Isabel del Toro Gomes

 


Outubro

Chegou outubro

De mansinho,

Pé ante pé

Como que a fingir

Que ainda é verão

Que ainda é tempo

De aproveitar o sol e a vida

Que temos à mão.



domingo, 27 de setembro de 2020

«Vejo passar os barcos pelo mar» de Fernando Pessoa




Pela marginal até Cascais, para ver a nossa magnífica costa até à Baía de Cascais, cantada pelos Delfins na canção com esse nome nos anos 80.

https://www.youtube.com/watch?v=FDM9gwNgz34


Um passeio a fazer, pelo menos uma vez no ano, com sol de preferência.






Vejo passar os barcos pelo mar

Vejo passar os barcos pelo mar,


As velas, como asas do que vejo


Trazem-me um vago e íntimo desejo


De ser quem fui, sem eu saber que foi.


Por isso tudo lembra o meu ser lar,


E, porque o lembra, quanto sou me dói.




Fernando Pessoa, in Poemas Inéditos

1932











quarta-feira, 23 de setembro de 2020

«Os Pardais» de Isabel del Toro

 




Os Pardais


Quem não gosta dos pardais?

São pequenos, rápidos e muito curiosos

Pardais dos telhados tão frágeis

E maravilhosos

Pardais comuns com o seu babete escuro




Não há avezinha mais vulgar
No nosso planeta
E no entanto, tristemente
Estão a desaparecer
Aos milhões.