segunda-feira, 9 de março de 2020

Super lua-dia 9 de Março 2020

Galiza

Para esquecer o Covid 19 e outras tristezas, olhemos hoje, dia 9 de Março 2020, para o céu, para admirar esta Super Lua!
Está ali bem visível em
frente da minha janela!




Na ilha de Lesbos, Grécia


terça-feira, 3 de março de 2020

«A invenção do Amor» de Daniel Filipe e o Coronavírus

Rua da Senhora da Glória, à Graça (Vihls)
E agora, como é que os namorados (e os outros)  vão fazer?
Como é que se pode namorar sem beijar e abraçar?
Podemos evitar viajar, ir a espaços fechados, até andar nas ruas …tudo isso se remedeia com facilidade, nestes tempos mais «livres». Mas nada de beijinhos e abraços... até o nosso Presidente Marcelo vai ficar deprimido, faz muita falta aos povos mediterrânicos, que falam muito com as mãos e em voz alta e que gostam de beijinhos.
Que se acabe depressa a quarentena dos beijos e abraços, que entretanto se vão mandando por telemóvel e pelas redes sociais.

Bairro Padre Cruz-Lisboa

Entretanto, veio-me à mente o belíssimo poema de Daniel Filipe, 
A Invenção do Amor, em que se perseguem os amantes por todos os meios, que transcrevo aqui em parte. 
Esperemos ainda que este vírus não tenha sido inventado em laboratório, tudo é possível nos tempos que passam! 
E que escapemos vivos, claro!

A invenção do amor
Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos 
nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de apa-
relhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro 
que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor

Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia
quotidiana
Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e
fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado
Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo
Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia iminente a captura 
A polícia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique
 Antes que a invenção do amor se processe em cadeia

Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos
(...)
Daniel Filipe

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Boninas, margaridas, mal-me-queres...



Júlio Dinis chamava-lhes boninas. É um bonito nome. 
Estão a começar a encher os campos de branco.
E nos anos 60/70, quem não teve um vestido, blusa ou calças com margaridas, mal-me-queres/bem-me-queres?




A flor margarida significa inocência, juventude, sensibilidade, pureza, paz, bondade e afecto.







A mais pequena flor branca e amarela dará a paz ao mundo, se os homens quiserem!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020






Crepúsculo no Douro

Cada dia tem um fim
Um pôr-do-sol no horizonte
Depois...o recomeço.

Dizemos «Até amanhã»
Sem saber se haverá um amanhã
Ou se será o esquecimento.

Despede-se o dia, esvai-se a luz
Num céu rubro, em chamas
Até o violeta se esfumar lentamente.

Isabel del Toro Gomes


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Cecília Meireles



Quem me compra um jardim com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Cecília Meireles



O poema é de Cecília Meireles, as fotos foram tiradas por mim na bela ilha de Porto Santo.





quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Uma praia só para mim



Quem não deseja uma praia só para si? 
Sonhar é isso mesmo. 
Quando era um «pouco» mais nova, ia a correr para a praia de manhã e à tarde, nunca me cansava, havia praias com areal sem fim, conchas de todas cores e tamanhos, caracóis do mar, búzios pequeninos que caminhavam no fundo da maré quase vazia (na praia de Santa Cruz e Ericeira), um nunca mais acabar de bicharada.

Tempos que já lá vão, infelizmente.
A certa altura, comecei a trazer uma concha ou uma pedra de cada praia onde ia, e aí começou mais uma coleção.
Aqui ficam algumas delas e um poema que escrevi sobre o mar.





Eu queria tanto

Ter só para mim

Uma praia de areias finas e brancas

De águas límpidas e azuis

Com rochedos altos e escarpados...

A maré baixa

Deixaria nas suas grutas

Búzios, caracóis do mar

Caranguejos e peixes de mil cores

Que não fugiriam de mim

E ficaríamos para sempre

Todos juntos a brincar.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

«Paz de amor» de Odylo Costa, filho





Odylo Costa, filho (1914-1979) foi um jornalista, cronista, novelista e poeta brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras.


 O mundo e o nosso planeta terra precisam de muitas coisas, mas de duas mais do que as outras: Paz e amor.
Escolhi este soneto de Odylo Costa, filho, que nos deixa a esperança que, mesmo nos piores cenários, «sempre em nós renascerão searas, dos rochedos brotará nova chuva e que um novo amor vencerá  a morte e o medo»


Paz de amor


Calemos esta paz como um segredo
de amor feliz. Não seja este silêncio
ponto final em nosso terno enredo:
não nos encerre o amor, antes condense-o.

Olhemo-nos nos olhos face a face.
sem recuar surpresos como o amigo
que de repente no outro deparasse
apenas o lembrar do tempo antigo.

Não. Sempre em nós renascerão searas.
novas chuvas trarão nova colheita.
folhas novas, translúcidas e raras.

E brotará da tua mão direita
água súbita e casta do rochedo
um novo amor, que vença a morte e o medo.

Odylo Costa, filho