quarta-feira, 21 de junho de 2017



Solstício de verão 2017

O Verão ainda não começara e os fogos na zona de Pedrógão Grande já tinham provocado uma tragédia nunca vista em Portugal, com um dos maiores números de mortos e feridos de sempre, em toda a Europa. No fatídico dia 18 de Junho.


No dia 20 fui até à cidade de Lisboa e refresquei a mente e o corpo nos maravilhosos jardins da Fundação Gulbenkian, este ano a comemorarem os 60 anos, sempre frescos e bem ajardinados (até já conheço os jardineiros!). Fui presenteada logo à entrado, pelo lado da R. Visconde Valmor, por uma bela chilreada e pela visita de um pequeno pássaro com peito azul, que pousou no chão perto de mim, certamente a mirar a visitante e à espera de migalhas.


Muitas crianças pequenas cirandando e fugindo aos pais que tinham de correr atrás deles, sentindo-se livres como passarinhos. Havia patos nas cascatas, a tentarem refrescar-se, como nunca tinha visto. 


Gente e bicharada feliz num jardim escondido no meio da cidade, tentando fugir à caloraça. 
Muitos patos de todos os géneros: patos-reais, uma espécie nova de pato enorme, com penas muito coloridas no dorso.
Um pato acastanhado saiu da água e «atirou-se» ao meu pão-de- deus, que comia sentada num banco de pedra.


Outros estragavam animadamente a sementeira dos jardineiros...
No dia seguinte, lá iam ter de refazer tudo de novo.
Estava tão desanimada e triste, devido aos últimos acontecimentos dos fogos e respectiva tragédia, que achei piada àquilo tudo, como uma criança que nunca tivesse visto nada tão bonito.
No fundo, a vida continua, «quem se lixa é sempre o mexilhão».


O solstício de Verão foi esta noite, dia 20, às 4 horas da manhã, sensivelmente.
A esperança de que os incêndios se apaguem de vez, que caia chuva, e que não haja mais vítimas, é o motivo de todos nós, para nos fazer avançar pela montanha acima, seja esta pequena ou grande.




domingo, 18 de junho de 2017

O dia do Grande Fogo, em Pedrógão Grande


Barragem do Cabril-Pedrógão Grande

O dia do Grande Fogo em Pedrógão Grande 

Sofrimento, morte, destruição, fogos, um Presidente muito simpático e aos beijinhos, corrupção generalizada, bancos falidos, depositantes e emigrantes roubados, é o nosso pobre Portugal.
E não há guardas florestais em número suficiente porquê?
Nem se limpam os terrenos e florestas porquê?
Etc etc.
62 mortos (até ao momento, dia 18 às 14h), vítimas do fogo, da inalação de fumos, encurralados em estradas (IC8, E.N. 236, E.N.238), em casas, dentro dos carros, becos sem saída.
Bombeiros queimados, feridos, e que deverão ser bem cuidados nos hospitais públicos (esperemos), inutilizados para sempre, sem hipóteses de trabalho.
Sem poderem fazer nunca mais uma vida normal.
Tristeza e desânimo por ver que nada mudou, que nada melhorou quanto às infraestruturas básicas, antes pelo contrário: fecham-se escolas, maternidades, fábricas. Tudo está no nosso país cada vez pior. Tudo mais difícil, os jovens continuam a não ter trabalho ou a ser levianamente escravizados com horários de trabalho desumanos e salários de miséria.
Todos sentem terror e medo. A fome voltou, tendo os restaurantes de dar os restos de comida, todos os que vão a supermercados oferecendo alimentos para o Banco da Fome.
Medo de mais um verão de muito calor, cada vez mais quente, devido às alterações climáticas, sem dúvida. Pelo menos assim o afirmam os cientistas, e para as quais o execrável presidente dos Estados Unidos se está nas tintas.
62mortos, no dia 17 de Junho de 2017, século XXI. 
Desolação e muita gente para enterrar, tratar e ajudar.
O que vale é que somos um povo solidário.
Mas até quando?


                                                 Barragem do Cabril-Pedrógão Grande



sábado, 10 de junho de 2017

Casa-memória de Camões em Constância


Camões e Constância

Lenda, mito ou realidade?
Mais uma incerteza em relação à vida de Camões.
Constância terá sido o local onde Camões foi «exilado» para cumprir uma pena, não se sabe qual. Amores com alguma dama casada ou interdita? Escrita de algum poema ou soneto não muito apreciado pela corte, fidalgo ou clero?  Atitude fora dos cânones habituais?
Os génios têm destas coisas!!
No entanto, este local de exílio mais parece um Éden. É estranho ter sido colocado neste local tão belo. Se ainda o é ainda hoje,  também o devia ser à época, com plantas, flores e árvores maravilhosas, banhadas por dois grandes rios que ali se encontram: o rio Tejo e o rio Zêzere.


Uma muito antiga tradição de Constância, passada de geração em geração, afirma que Camões aqui terá vivido durante algum tempo, em cumprimento de uma pena a que fora condenado, apontando umas ruínas à beira do Tejo como tendo sido a casa que acolheu o épico.
Essa tradição ganhou expressão nacional graças ao empenho do dr. Adriano Burguete, médico constanciense que, nos meados do século passado, se esforçou por demonstrar a veracidade da tradição popular, e ao trabalho e persistência de Manuela de Azevedo, jornalista, que, de então para cá, tem dedicado a maior parte da sua vida a esta causa.
As ruínas da casa quinhentista foram classificadas como imóvel de interesse público em 1983. Sobre elas, depois de consolidadas, foi erguida a Casa-Memória de Camões, segundo projeto da Faculdade de Arquitectura de Lisboa. As obras, iniciadas em 1991, arrastaram-se por vários anos devido à dificuldade sentida pela Associação da Casa de Camões para reunir os financiamentos necessários.
Para além de preservar, valorizar e divulgar a relação de Camões com Constância, a casa acolherá um Centro Internacional de Estudos Camonianos.



segunda-feira, 8 de maio de 2017

VIVE LA fRANCE!!




ATÉ NUNCA, ADIEU,  MARINE LE PEN


No dia 7 de Maio de 2017, celebrou-se a Primavera de Paris.

Os franceses deram o exemplo ao mundo: nem o Presente nem o Futuro residirão jamais em ideologias baseadas  em políticas de direita, de racismo, de ostracismo, de exploração esclavagista dos trabalhadores, de economia selvagem, de desigualdades sociais/raciais/económicas ... em guerras ou em aumento de violência contra os mais fragilizados e/ou mais pobres.

Com a estrondosa derrota nas eleições presidenciais de ontem da  extrema direita, em França, a Europa ressurge com as cores azul, branco e vermelho, dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.





Pelo menos, há esperança no horizonte  no renascer da Europa como foi idealizada pelos seus criadores.

Em vez de uma loura falsa, hipócrita e agressiva (Le Pen), os franceses, que nunca foram parvos, digam o que disserem deles, elegeram Emmanuel Macron, o mais jovem presidente até hoje, que independentemente dos partidos que o apoiam ( ele diz-se «independente centrista»), é um homem culto e moderno, filho de dois médicos formados a pulso nos tempos em que estudar era só para alguns privilegiados.



Há de novo esperança / l' espoir para a Europa, para todos nós, que tão desiludidos andamos da velha política do «salve-se quem puder» e de «cada um por si». E de guerras e lutas que nada resolvem.


«Allons enfants de la Patrie...»...
Vive la France!!

domingo, 30 de abril de 2017

POrto Santo



A fuga

Deste inóspito frio
Quero apenas fugir
Para tão longe
Que nunca mais possa voltar
Fujo para todo o sempre
Deste inverno impiedoso
Que me destrói e gela até aos ossos.


Quero apenas existir
Naquela formosa ilha amena
porto santo de pequenas colinas
praias afáveis de águas límpidas
Para todo o sempre





sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

2017: O ano de todas as (des)esperanças


O ano 2016 já lá vai. Todos são unânimes em dizer que foi um ano péssimo, a desilusão é grande, as crises sucedem-se desde há onze anos pelo menos (não deviam de ser só dez anos?), o nível de vida baixou assustadoramente, ao invés do desemprego e de outras desgraças económico-sociais que aumentaram e que continuam a aumentar, estatísticas e marketing à parte!

Violência, guerra, terrorismo, actos gratuitos de crueldade contra o seu semelhante caracterizaram o mundo em 2016 e as primeiras horas de 2017.

Hoje é o sexto dia do mês de Janeiro, muita coisa aconteceu já em 2017, na vida de cada um. Coisas alegres, coisas tristes, boas e más, como sempre. Continuemos a lutar por um mundo melhor, cada um a seu modo. Este é o meu, o das palavras simples e concretas. 



2017
E o ano lá vai entrando

Ao som de foguetes

Muitos fogos

Muitas panelas a bater

Muita gente que pula e dança

Nas ruas até ao amanhecer.



Como se não houvesse amanhã

Como se as guerras deixassem de se fazer

Como se os atentados deixassem de acontecer

Como se todos os refugiados, todas as vítimas

De todas as guerras e violências

Estivessem de novo em casa

Sentados na  sala a sorrir e a brincar

Com os filhos que não morreram afinal

Naquele imenso mediterrâneo sangrento.

Fugir pelo mar quando a terra lhes é roubada…



E o ano lá vai chegando

Chuvoso triste e nevoento.

                                                   Janeiro 2017


sábado, 19 de novembro de 2016

«O Piano» de Isabel del Toro Gomes



O piano


Ao longe, num palco qualquer

Alguém o piano tocava

E eu ouvia

Aqui à espera sentada.

A concertista

Fazia exercícios rápidos

E os seus dedos mágicos

Eram como crianças endiabradas

Aos saltos.

O piano cantava

A música rodopiava

O mundo como que parava

E eu aqui sentada

Ouvia e lia poesia.