sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Fernando Pessoa no café «A Brasileira» no Chiado»


A Brasileira e Fernando Pessoa


Lagoa Henriques é o autor da escultura representativa do poeta Fernando Pessoa que se encontra na esplanada do Café  A Brasileira, no Chiado, em Lisboa.
Mestre e motivador de sucessivas gerações de criadores artísticos, autor de desenhos e esculturas notáveis, poeta, conferencista e coleccionador de peças tão diversas como pinturas, conchas, livros, troncos de árvores e outros acervos, segundo o seu site na Internet, Lagoa Henriques "deixa um vazio" no círculo em que se movimentava.

Lagoa Henriques lega-nos uma obra marcada pela transfiguração das formas clássicas através do contacto directo com as pessoas, a cidade e a natureza. Exemplo emblemático dessa ligação das formas eruditas ao quotidiano é a estátuta que criou de Fernando Pessoa, sentado a uma mesa do Café A Brasileira, que o poeta frequentava para escrever e falar com os amigos.
António Augusto Lagoa Henriques, nascido em Lisboa a 27 de Dezembro de 1923, era grande admirador Fernando Pessoa e de Cesário Verde. Dizia que Pessoa tinha sido o seu mestre da realidade interior e Cesário o mestre da realidade exterior, inspirando muitas das suas esculturas, como a do Grupo das Varinas.


O ensino foi outra grande paixão do escultor, que continou a dar aulas e a fazer conferências após completar 80 anos, nomeadamente na Escola de Superior de Belas-Artes do Porto e de Lisboa, e na Universidade Autónoma.

Costumava levar os alunos de desenho à rua para que tivessem contacto com o movimento da cidade, as pessoas, os elementos da natureza, aliando o ensino das formas clássicas à descoberta da realidade.

Foi na Escola de Belas-Artes de Lisboa que iniciou os estudos de escultura, em 1945, mas passados dois anos transferiu-se para a Escola de Belas-Artes do Porto, onde teve como referência principal da sua formação artística o professor Barata Feyo.


Finalizado o curso com nota máxima, conseguiu uma bolsa e foi estudar para Itália, orientado pelo escultor Marino Marini. Esteve ainda em França, Bélgica, Holanda, Grécia e Inglaterra, países onde conseguiu uma visão ampla do ensino do desenho e escultura que viria a introduzir em Portugal.

Regressado ao país natal, a sua carreira fica marcada, nos anos 70, pela destruição de um grande número de peças devido a um incêndio que eclodiu no seu atelier, em Lisboa.

Além da conhecida estátua de Fernando Pessoa, deixou muitas obras de arte pública em várias localidades, como o conjunto "União do Lis e Lena", no centro de Leiria, a escultura de Alves Redol em Vila Franca de Xira (que causou polémica na altura, por ter retratado o escritor nu, apenas com a boina na cabeça), e do poeta popular António Aleixo, em Vila Real de S. António.

Entre outros, recebeu o Prémio Soares dos Reis, o Prémio Teixeira Lopes, o Prémio Rotary Clube do Porto, o Prémio Diogo de Macedo e o Prémio de Escultura da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian.



sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Prémio Nobel da Literatura 2016


Os anos 60 são a grande moda em 2016.
Moda no sentido de libertação de regras austeras e apertadinhas, libertação dos povos oprimidos, libertação do indivíduo no seu todo, dando-lhe asas nunca anteriormente oferecidas (muito menos dadas), do regresso à natureza exaltando a sua beleza - flores flores flores...


A música e a poesia dá vida a todas essas coisas tão simples e ao Amor livre, sem a libertinagem anterior. O Homem deixou de ser aquele ser «estúpido» e enganador de mulheres (tendo várias mulheres ao mesmo tempo, indo a prostitutas, apanhando doenças venéreas mortais e transmitindo-as às suas mulheres e a outras...).


Os hippies não queriam a guerra, já tinha havido muitas, 2 guerras mundiais devastadoras e cruéis.
Bob Dilan passou por muitas fases diferentes, incluindo a fase hippie nos anos 60 do século XX.
Se pensarmos bem, possivelmente Bob Dilan foi muito bem escolhido mesmo para o Prémio Nobel da Literatura, porque a Literatura é vida, movimenta-se, não fica estagnada em letras mortas e vazias. Bob Dilan representa a vida e não a destruição e morte que hoje temos de volta em todo o mundo.
Certamente a Academia sueca quis dar este ano um cunho simbólico de Alegria e Vida, Bondade e Inteligência (para cantar e tocar dois instrumentos ao mesmo tempo é precisa muita inteligência), num mundo onde reina a infelicidade e tristeza, a ganância cega e estúpida dos que detém o poder.
Eu acredito que sim e concordo plenamente.



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Setembro...sempre setembro



Setembro, sempre Setembro


Setembro, tantas lembranças boas, gulosas e felizes!

Ninguém vai conseguir apagar ou sequer embaciar as minhas memórias do doce mês de Setembro!!

Mês dos aniversários de nascimento de três gerações: avó, mãe e neto.

Fora o cair da folha, amarelas e vermelhas, as vindimas e o trabalho duro, o céu com mais nuvens, o rio Tejo a crescer na janela, as ruas salpicadas de cores reluzentes dos chapéus de chuva, as gotas nas janelas, o pim...pim...pim que insiste em acordar-nos, tão obstinado e aborrecido, os fatos e vestidos de cores mais quentes e muito mais bonitos, as amigas quase todas do signo virgem (ou leão ou balança, vá-se lá saber porquê).
Otempo que passa cada vez mais devagar, os filmes que se vêem mais, os livros que se lêem mais, os olhos que se abrem mais sem precisar de óculos negros que escondem tudo, as peles morenas que começam a ficar deslavadas, as corridinhas para casa ou algum refúgio, o aconchego do «chega para cá», a gatinha meiga que se senta em cima de nós, os xailes e mantas coloridas, as pantufas forradas, o croché e tricô, o lume aquecedor ou lareira, velas também a brilhar, muitas velas, os requintados cozinhados de feijão e arroz, basta de saladas porcaria de saladas, engorda não quero saber, a roupa agora tapa tudo, depois logo se vê...

Bem vou fazer qualquer coisa.
Um bolo da bolacha não escapa, tem de ser. Mas nunca igual ao da mãe, esse era sublime, digno só dos anjos e de outros seres alados...




quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004)




Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen

O antes denominado Miradouro da Graça, bem conhecido dos lisboetas e um pouco por todo os cantos do mundo, diria mesmo, foi objecto de alteração de nome, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. 
Passou a chamar-se Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, escritora e poetisa (não tenho medo de dizer esta palavra no feminino, não por questões feministas, mas soa-me muito bem, tem quatro sílabas como a palavra «escritora».
Poetisa é para mim a melhor palavra para designar todas as mulheres que se dedicam a escrever poesia. 
Se não concordarem com esta escrita e opinião, estão no vosso direito, mas a Língua Portuguesa e eu não vamos em modas, hélas!



Curiosa e apropriada é também a designação duma rua relativamente recente, na freguesia do Parque das Nações, aqui bem perto de mim, mas que ainda não descobri, um dia destes vou tentar saber onde fica, que é a Rua Menina do Mar, título e personagem principal do mais conhecido livro de Sophia de M.B. Andresen, pois é lido nas escolas por milhares de crianças e jovens.









quarta-feira, 1 de junho de 2016

Celebração do Dia da Criança 2016



Hoje celebra-se o Dia da Criança.
Devia ser, por isso, um dia de alegria, de fantasias à solta, de crianças a saltar, a fazer jogos, a passear pelas ruas das suas aldeias vilas ou cidades, felizes e contentes.
Mas isso não é infelizmente o que acontece na maior parte dos lugares do nosso Mundo.


Acontecerá até em muito poucos lugares deste planeta em crise, envolto em guerras brutais e desumanas, em lutas políticas, em pequenos ou grandes conflitos entre  homens que disputam entre si qualquer coisa, destruindo tudo à sua volta, indiferentes a tudo e a todos.
Indiferentes às crianças e a todos os mais frágeis, que são as primeiras vítimas sempre.
Estamos em 2016, séc. XXI, e continua a ser assim.


Todos devemos a erguer a nossa voz pela paz no mundo, pelas crianças de hoje, que continuam a sofrer como as de ontem, como se ilustra neste magnífico vídeo dos Pink Floid.
Felizmente que os professores (a grande maioria) já não são assim, nem eram todos assim, que a Educação e as Escolas têm evoluído para melhor, que a Esperança num mundo mais justo nos surge neste dia 1 de Junho de 2016 com o renascer do sol e do calor neste cantinho do mundo em que vivemos, com políticos mais humanos e mais empenhados.
Que a Primavera chegue finalmente neste dia dedicado às crianças!





tps://www.youtube.com/watch?v=qs35t2xFqdU

sábado, 30 de abril de 2016

«Livro do Português Errante» de Manuel Alegre




Manuel Alegre nasceu em Águeda em 1936 e é o escritor português que talvez todos conheçam mais como político do que como poeta e prosador.
No entanto, a sua produção escrita é já longa e de proeminente valor literário, interessando-nos aqui sobretudo os seus poemas, reunidos em vários livros e muitos musicados e amplamente divulgados.
Entres estes últimos contam-se Trova do Vento que passa, cantado por Adriano Correia de Oliveira, bem como muitos outros, sendo considerado um dos Poetas de Abril, um dos opositores ao regime fascista e um lutador pela instauração da liberdade em Portugal, o que se veio a concretizar no dia 25 de abril de 1974, que comemoramos agora 42 anos.

Registo aqui alguns dos seus versos, que falam do destino de errância do português e do próprio poeta, que considero memoráveis, convidando-vos a ler um pouco mais da sua obra.


Falésias Praias Areais Ardentes 

Para deixar-vos tenho o meu orgulho
que para vos deixar não tenho nada
ensinei-vos o mar o verão o julho
o alvoroço da pesca e da alvorada
os pássaros a caça o doce arrulho
do instante que passa e é tudo e é nada.
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in Livro do Português Errante, Publicações D. Quixote





quarta-feira, 27 de abril de 2016

Igreja de Santa Catarina, Calçada do Combro, Lisboa





Igreja de Santa Catarina na Calçada do Combro

Há cerca de 40 anos, quando subia e descia a Calçada do Combro, geralmente em corrida, para ir dar aulas na Escola Comercial D. Maria I, mal dava conta desta Igreja, embora ela estivesse lá. Pelo menos, nada me atraía a entrar nela, nada no seu aspecto me chamava a atenção, talvez devido à pressa e à distração da juventude.
Hoje, esta Igreja é uma das mais belas de Lisboa, foi restaurada, em parte, e fazem-se lá concertos magníficos, o que é muito bom.


É uma Igreja com vida, interessada em atrair mais pessoas para as cerimónias religiosas, mas não só. Desenvolve uma importante actividade cultural, dignifica aquela zona que já foi uma das mais importantes da cidade de Lisboa e vale a pena ser visitada. Obra prima da arquitectura barroca (o seu órgão é magnífico), é uma excelente maneira de mostrar aos alunos o que foi o Barroco.
Aqui fica a resenha da sua história.


Fundada pelos religiosos de São Paulo da Serra de Ossa, a então designada Igreja do Santíssimo Sacramento foi edificada na 2ª metade do séc. XVII, a partir de 1654, adossada ao Convento dos Paulistas.
Após o Terramoto de 1755, foi objecto de reedificação, concluída em 1763. No séc. XIX, a partir de 1835, a igreja passou a Paroquial sob o orago de Santa Catarina. Classificada como Monumento Nacional, esta igreja conventual, traduzindo uma arquitectura religiosa barroca, apresenta planta longitudinal, em cruz latina, articulada com o convento, formando um U. É uma igreja de nave única com capelas laterais, transepto saliente e capela-mor profunda. A sua fachada principal evidencia três corpos separados entre si e delimitados lateralmente por duplas pilastras. O corpo central, de dois andares, surge rematado por frontão curvo decorado com a Custódia do Santíssimo Sacramento. Os dois corpos laterais servem de apoio a duas torres sineiras, de secção quadrada, decoradas com balaústres, ao mesmo tempo que, no piso térreo, enquadram uma galilé, à qual se acede por meio de três arcos de volta inteira, separados entre si por pilastras simples. Aí, o portal central, ladeado por pilastras, encontra-se rematado por frontão triangular interrompido pela representação relevada da Custódia do Santíssimo Sacramento. Por sua vez, o portal localizado mais à esquerda permite o acesso à antiga portaria conventual. No interior merecem destaque a talha joanina do altar-mor, a beleza do órgão, verdadeiro monumento de talha dourada, e os estuques ornamentais, que revestem a abóbada de arco abatido da nave, datados do 3º quartel do séc. XVIII e executados por João Grossi e Toscanelli.




Dados do mapa
Dados do mapa ©2016 Google
Dados do mapaDados do mapa ©2016 Google
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