quarta-feira, 6 de março de 2013






Nos anos 60 e 70, Daniel Filipe era uma espécie de lenda para as novas gerações que despertavam para a luta anti-fascista através da arte e da poesia.
Não se sabia muito bem quem era este poeta da Invenção do Amor, mas todos achavam que este era um poema magnífico, não só pela temática e sua exploração, como pelo dom de transformar palavras poéticas carregadas de emoção numa luta comprometida e acusatória contra o regime de Salazar, realçando a urgência deste tipo de mensagens que resistem a tudo e a todos, e persistem para além da censura.
Também desconhecia que Daniel Filipe tinha nascido em Cabo Verde, em 1925, na ilha da Boavista. Veio para Portugal ainda criança, onde fez os estudos liceais. Iniciou a sua vida profissional como funcionário da Agência - Geral do Ultramar e como jornalista, colaborando em várias publicações e coleções de poesia.
Combateu a ditadura de Salazar, sendo perseguido e torturado pela Pide.
Faleceu em 1964, em Cabo Verde. 
A Invenção do Amor é o seu poema mais conhecido, hoje talvez esquecido, como acontece a tantos outros e que vale a pena relembrar e dar a conhecer aos jovens.
Aqui fica a declamação do poema pelo próprio autor, com acompanhamento musical do seu filho. 
Um registo documental e histórico fabuloso que nos permitem as novas tecnologias. 

Transcrevem-se aqui apenas algumas estrofes do poema, devido à sua extensão.
 




A Invenção do Amor de Daniel Filipe




Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor...........



 























 
Os jornais da manhã publicam a notícia
de que os viram passar de mãos dadas sorrindo
numa rua serena debruada de acácias
Um velho sem família a testemunha diz
ter sentido de súbito uma estranha paz interior
uma voz desprendendo um cheiro a primavera
o doce bafo quente da adolescência longínqua
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

«Gatos»



 Si je préfère les chats aux chiens, c' est qu' il n' y a pas de chats policiers.

                                                                             Siné


 Eu também prefiro os gatos aos cães, mas nunca me tinha passado esta ideia pela cabeça: gatos polícias. Oxalá ninguém mais se lembre disso!!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

«Nevoeiro» de Natércia Freire


Nevoeiro

O que possuo e não possuo
É uma ilusão.
O que suponho e não suponho
É sempre um sonho.
Um arrastar, um quase andar
Na cerração,
E tudo sonho, a vida sonho
E o sonho sonho.


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Não tenho forças para fundir-me
No clarão.
E é nevoeiro esse país
De que disponho.
Acha-me a vida a caminhar
Na cerração,
E tudo sonho, a vida sonho
E o sonho sonho.

                     Natércia Freire (Benavente 1920/ Lisboa 2004) 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Gérard Depardieu-Obélix

 
Agora é que o mundo está definitivamente de pernas para o ar.
Obélix chegou hoje à Rússia, foi recebido com pompa e circunstância e convidado até para ser Ministro da Cultura!
Ao que sabemos, não levou consigo Astérix nem Ideiafix à boleia. Por enquanto...
Estes gauleses sempre foram um problema para acatarem ordens!!
Aguarda-se com muita expetativa as Novas Aventuras de Obélix na Rússia, com muita espionagem, claro!!
   


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Calendário de 2013

E 2013 aí está.
Chegou como todos os outros anos, com champanhe e passas, festa, bater de panelas, fogos de artifício, discursos com muito fingimento e hipocrisia...

Um bom ano de 2013.
E que passe depressa, já agora!!
E para sabermos bem quantos dias faltam para acabar, aqui fica o calendário deste ano acabado em 13. Para muitos, é o número da sorte!

  

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

«Laurinha» - miniconto de Natal de Isabel del Toro Gomes



Bom Natal 2012 para todos, já que «Feliz Natal» seria uma utopia!!
Principalmente para todas as crianças do mundo!
Elas são a esperança num futuro e num mundo melhor!
Porque também eu sonho com esse mundo, mantenho a esperança viva e penso em todas elas, principalmente nas mais desfavorecidas, escrevi este conto.





                                                Laurinha

            Laurinha era uma menina como outra qualquer. Havia apenas uma diferença: toda a garotada lá da rua gostava do Natal, todos os seus amigos ficavam encantados com a magia dos brinquedos, das festas, das músicas com sininhos, das luzes, dos doces… Menos ela!
Só ela não entendia toda aquela alegria e espalhafato.
Sua mãe, como era doce e linda a mãe Laura, tinha morrido num certo dia de Natal. Por que razão ela não entendia, era tão pequena ainda!
E desde esse dia fatídico, quando lhe perguntavam  que presente é que queria, ela escrevia: não queria nenhum computador, nem bonecas, nem jogos, nem nada... Só queria a mãe Laura de volta nem que fosse só mais uma vez, para comer rabanadas  com ela no dia de Natal. Para adormecer no seu colo só mais uma vez!
Só mais uma vez!!!