domingo, 28 de novembro de 2021

«O livro da Tila» de Matilde Rosa Araújo

  



Hoje é um dia diferente: vou oferecer a todas as crianças do mundo um lindo poema da poetisa

 Matilde Rosa Araújo, que foi uma professora muito especial de meninos pequeninos. Este é um poema retirado do livro da Tila .



O livro da Tila de Matilde Rosa Araújo Editado pelo Livros Horizonte em 1986 (10ª edição) “Primeiro livro de poemas para crianças escrito por Matilde, caracterizados, na sua maioria, pela estreita relação mãe-filha. A menina descobre o mundo, protegida por uma mãe que responde às suas dúvidas e que se deslumbra com as respostas... Tila representa todas as crianças que são destinatárias destes textos de grande intensidade lírica.” Fonte: Wook Começa assim: "Quadra sozinha Meninas pobres, tão pobres, São tão pobres, que ao vê-las, Meus olhos, que são de cobre, Têm a luz das estrelas!" Fonte: interior do livro Fonte: interior do livro “O Livro da Tila desvela o universo de uma infância, em parte eufórico, feito de pequenos deslumbramentos perante o mundo e a natureza, expresso ora por um sujeito da enunciação infantil/juvenil, ora por uma voz adulta que observa o real e as relações que a criança com ele estabelece. De uma sensibilidade apurada e minimal, exaltando a comunhão com a natureza, com os seres e a divindade, franciscana por excelência, a poesia de Matilde leva-nos a redescobrir o prazer de existir e de ler.” Fonte: Fnac Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 1º ano de Escolaridade

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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

«Como tudo é prodigioso» de Isabel del Toro Gomes

 Como  tudo é  prodigioso

E mágico na natureza

Que renasce em cada madrugada




Como tudo me deslumbra

Do nascer ao pôr do sol

Que marca o tempo que passa

Sem darmos por ele passar

Como se fosse uma surpresa




A eternidade dum minuto

Que pode durar séculos

Uma vida inteira que se traduz

Num pequeno nada que se renova



Um minuto de eternidade

Três ou quatro palavras por dizer

Como é tudo prodigioso

E trágico por natureza.



 

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

«O Cantar do Melro» de Afonso Lopes Vieira

O poeta português Afonso Lopes Vieira, nasceu em Leiria a 26 de Janeiro de 1878. Foi um dos primeiros representantes do Neo-Garrettismo e esteve ligado à corrente Renascença Portuguesa. Tem o seu nome associado à Biblioteca Municipal de Leiria, e a sua habitação em São Pedro de Moel foi transformada em casa museu. Afonso Lopes Vieira faleceu em Lisboa, a 25 de Janeiro de 1946.

Afonso Lopes Vieira



O! Que linda é a madrugada.
Que florida, Perfumada
Madrugada!...


Cantam, rindo, riso lindo, estas águas, estas cores
raminhos, pontes e flores
O! Que linda é a vida!
Que florida e encantada 
Madrugada! 


Afonso Lopes Vieira

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

David Mourâo- Ferreira »Maria Lisboa»





Na vida como na poesia, o Amor é a substância de David Mourão-Ferreira. Celebração do erotismo e do corpo feita em palavras, é ele o autor dos mais belos poemas de amor da literatura portuguesa. Mas não só. A sua obra marca todos os géneros literários. Poeta, romancista, novelista, contista, dramaturgo. Mas também ensaísta, cronista, tradutor, crítico literário. E professor. David Mourão-Ferreira (1927-1996) tinha “o ofício de escreviver”, expressão inventada para condensar toda a existência: precisava de viver para escrever e de escrever para viver. Das múltiplas linguagens que experimentou, a poesia foi a que mais o tornou conhecido e reconhecido: apesar de ter explorado outras temáticas como a obsessão da morte e a angústia de existir, ficou o poeta do amor – e da sensualidade -, como refere Vasco Graça Moura na peça que aqui apresentamos. No poema “Jogo de Espelhos”, escreve que a mãe o ensinou a ler e o pai, a contemplar. Nas brincadeiras da infância fazia jornais e peças de teatro. Depois, vem a fase dos romances que nunca chega a terminar. Existe em David amor pela escrita, mas não tivesse Agostinho da Silva convencido a família que o destino do jovem era seguir literatura, e teria ficado preso a um curso de Direito, tão ao gosto dos progenitores. A aventura da poesia, começa com a publicação do livro “A Secreta Viagem”, celebração ainda adolescente do corpo, do erotismo e do amor. Seguiram-se poemas e contos, como “Cancioneiro de Natal”, “As Quatro Estações”, “Os Amantes” e “Matura Idade”, entre muitos outros traduzidos e aclamados. Avesso a movimentos ou a correntes, rejeita o neorrealismo e o imediatismo da inspiração, e tem em José Régio , Almeida Garrett, Octavio Paz e T. S. Eliot, figuras de inspiração e referência na sua formação clássica. Até à publicação de “Um Amor Feliz”, romance tardio, aos 59 anos, David Mourão-Ferreira encontra o fado e leva para a voz de Amália os seus poemas.