domingo, 27 de setembro de 2020

«Vejo passar os barcos pelo mar» de Fernando Pessoa




Pela marginal até Cascais, para ver a nossa magnífica costa até à Baía de Cascais, cantada pelos Delfins na canção com esse nome nos anos 80.

https://www.youtube.com/watch?v=FDM9gwNgz34


Um passeio a fazer, pelo menos uma vez no ano, com sol de preferência.






Vejo passar os barcos pelo mar

Vejo passar os barcos pelo mar,


As velas, como asas do que vejo


Trazem-me um vago e íntimo desejo


De ser quem fui, sem eu saber que foi.


Por isso tudo lembra o meu ser lar,


E, porque o lembra, quanto sou me dói.




Fernando Pessoa, in Poemas Inéditos

1932











quarta-feira, 23 de setembro de 2020

«Os Pardais» de Isabel del Toro

 




Os Pardais


Quem não gosta dos pardais?

São pequenos, rápidos e muito curiosos

Pardais dos telhados tão frágeis

E maravilhosos

Pardais comuns com o seu babete escuro




Não há avezinha mais vulgar
No nosso planeta
E no entanto, tristemente
Estão a desaparecer
Aos milhões.






quinta-feira, 17 de setembro de 2020

«Música no lago» de Isabel del Toro Gomes















Chuva a meio de Setembro, tempo de vindimas e de tantos outros trabalhos rurais, pode não ser do agrado de todos.

Mas que ela é necessária num ano de seca como foi este 2020, é verdade.

A Terra fica de certeza agradecida, por isso nós devemos também agradecer em nome do nosso Planeta.


Música no lago

 

Pingos de chuva

Despertam o lago

E o jardim

É chuva de verão.

 

Há alvoroço e confusão

Corridas passos apressados

Baloiços vazios.

 

Todos se refugiam

Debaixo dos telheiros

Tlim tlim tlim

E fica-se a ouvir assim

A chuva cristalina  de verão.

 

Há música no lago

E em mim.

 

Isabel del Toro Gomes




sábado, 12 de setembro de 2020

«Os pequenos seres» de Isabel del Toro Gomes

 




Quem não repara nos pequenos seres

Nunca se conhecerá a si próprio

Nem aos outros



Todos têm a sua beleza

Um segredo qualquer

Que nos ajuda a perceber o universo



Levei tempo a aprender

Agora olho com olhos de ver

E ao fim de tantos anos fico a saber

Que somos uma entre 200 mil galáxias

Quem se pode julgar mais importante

Mais forte, mais poderoso ?






quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Miradouro da Penha de França


Se há miradouro difícil de alcançar, este é um deles.
Subir por aquela colina acima, mesmo de carro, é um verdadeiro tormento.
Mas, de repente, ele aparece, ao lado da Igreja da Penha de França.


Estes são locais e monumentos cheios de História e de estórias, que só alguns conhecem...
O panorama sobre Lisboa vale, no entanto, o esforço para ir até este miradouro, a poucos quilómetros da Praça do Chile.


Do Miradouro da Penha de França, vê-se o Mar da Palha ao longe mas muito mais ainda o mar de telhados de Lisboa, com as suas chaminés, as suas mansardas e as suas lucarnas.


Por esta Penha algures nasceu o meu pai, talvez até tenha sido batizado na bela Igreja que lá das alturas nos convida a entrar. O tempo vai apagando os traços, mas estes teimam em ficar.