A Fundação do Oriente está a comemorar 30 anos e o Museu do Oriente 10. Encontrámos lá ontem uma espectacular exposição de José de Guimarães. As actividades, muitas de entrada livre, continuam.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
quarta-feira, 18 de abril de 2018
«Árvores do Parque» de Isabel del Toro Gomes
Árvores do Parque
Árvores do Parque
Da minha infância
Único jardim não proibido
Árvores grandes e frondosas
Minhas eternas companheiras
Por quem eu trepava ligeira
Com jeito que até eu desconhecia
Pézinho aqui joelho ali
De ramo em ramo
Me içava para o céu
Eu tão pequena e frágil
Que sonhava mais alto
E mais e mais acima
Tu de ramos grossos e fortes
Me recebias num estreito abraço
De amor e união
Tu árvore grande do meu Parque
Tu maravilhosa natureza
Transbordando de vida e seiva
Eu criança pequena e frágil
Empoleirada na tua verde beleza.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
«O Menino da Sua Mãe» de Fernando Pessoa
Em memória de todos os bravos soldados que morreram em França, na Batalha de La LYs, que se deu no dia 9 de Abril de 1918, durante a I Guerra Mundial, aqui fica este poema de Fernando Pessoa.
O MENINO DA SUA MÃE
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
O cemitério militar português de Richebourg, no norte de França, com 1.831 campas de soldados lusos da I Guerra Mundial.
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