Manuel Alegre nasceu em Águeda em 1936 e é o escritor português que talvez todos conheçam mais como político do que como poeta e prosador.
No entanto, a sua produção escrita é já longa e de proeminente valor literário, interessando-nos aqui sobretudo os seus poemas, reunidos em vários livros e muitos musicados e amplamente divulgados.
Entres estes últimos contam-se Trova do Vento que passa, cantado por Adriano Correia de Oliveira, bem como muitos outros, sendo considerado um dos Poetas de Abril, um dos opositores ao regime fascista e um lutador pela instauração da liberdade em Portugal, o que se veio a concretizar no dia 25 de abril de 1974, que comemoramos agora 42 anos.
Registo aqui alguns dos seus versos, que falam do destino de errância do português e do próprio poeta, que considero memoráveis, convidando-vos a ler um pouco mais da sua obra.
Falésias Praias Areais Ardentes
Para deixar-vos tenho o meu orgulho
que para vos deixar não tenho nada
ensinei-vos o mar o verão o julho
o alvoroço da pesca e da alvorada
os pássaros a caça o doce arrulho
do instante que passa e é tudo e é nada.
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in Livro do Português Errante, Publicações D. Quixote