sábado, 22 de novembro de 2025

 Como agora há dias para tudo , resolvi criar hoje o dia do »Bem haja», como dizem ainda os alentejanos (e outros também).

Bem haja
Aos que me deram a vida
Aos que me amaram
A todos por quem senti
Alegrias ou tristezas !
Bem haja
À força que sinto arder em mim





Hoje é o Dia do Bem Haja, criado e declarado por mim mesma.

Bem haja
Por todo o bem
Que recebi com mãos ambas
Bem haja também
Por todos os males
Que feriram meu corpo frágil
E minha alma em dor!
Bem haja
Os campos em flor
Onde a semente feliz germinou
E aquele mar sem fim
Que nos atraiu
E por vezes atraiçoou
Bem haja,
Enfim, o amor!



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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

«E assim a vida vai passando» de Maria isabel Gomes

 



Tempo

E assim a vida vai passando
Nos minutos lenta, despreocupada
Nas horas apressada, afogueada
Nos anos galopando
Um pouco amedrontada
Tudo se passa num breve instante
Como um raio de trovoada
Que atravessa a janela mesmo que fechada
E assim a vida vai passando
Em cada minuto
Em cada hora
Em cada ano
E vai mais uma rodada.


segunda-feira, 17 de novembro de 2025

 Bom dia com a poesia de Florbela Espanca, cujo lema seria Viver a Vida o mais intensamente possível.





Considerando a história de vida conturbada da «poetisa»(a poesia não tem que respeitar acordo nenhum ortográfico e eu tb não), há de se dizer que seu amor pela poesia foi, provavelmente, o que tornou seu quotidiano mais suportável.




Ser Poeta é ser mais alto,
É ser maior do que os homens!
Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!
Florbela Espanca, em "Charneca em Flor"

terça-feira, 7 de outubro de 2025

«Outono» de Maria Isabel Gomes

 



Outono

Coração que chora
Dentro das flores de buganvília
Ao contemplar o pôr-do-sol
Coração que palpita
Por dentro da seiva das árvores
De todos os jardins
Coração que dispersa
Por toda a terra e mar
Sementes ou de tristeza
Ou de alegria
Coração que cavalga
Na água pura
De todas as fontes
Coração que estremece
E sorri um pouco
Dentro de mim.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Vila de Caneças, as fontes e tradições

 "Quando puderes beber na fonte não bebas no ribeiro"


Igreja de S. Pedro

Regressei hoje a Caneças, para rever os horizontes de alguns dias da minha infância e juventude. Admirei-me porque encontrei ainda muito arvoredo e silvas com amoras (colhi algumas e reconheci o sabor doce-amargo delas).

Quanto à vila, que está este ano a comemorar o seu centenário, conheci-a hoje pela 1ª vez, gostei sobretudo dos painéis de azulejos que mostram as suas várias fontes, a Fonte dos Passarinhos, dos Castanheiros... E não podia faltar a estátua do vendedor de água de Caneças em bilhas, que a traziam a Lisboa, e das lavadeiras de roupa com a trouxa à cabeça, que as entregavam nas casas das freguesas, já lavadas.



















sexta-feira, 18 de julho de 2025

 




«Quando a figueira tem figos,

Tudo nela é de gabar...»

diz António Nobre no seu livro «Só».
Eu que adoro figos, gabo-a sempre, este ano elas estavam lindas mas com os figos ainda pequenos.
Admiro-as sempre, são lindas as suas folhas e os seus frutos doces fazem as delícias dos pássaros e da gente gulosa como eu. Mesmo que a sua madeira não sirva nem para queimar.

terça-feira, 24 de junho de 2025

 Hoje é dia de S. João, comemorado em todo o país mas mais especialmente no Porto que tem S. João Batista como padroeiro.

Lá não pode faltar o manjerico, o alho porro ou o martelinho.

Já estamos no Verão, as festas do Solstício de Verão são muito antigas e encontram-se por toda a Europa.

Em Portugal temos as festas dos Santos Populares e ainda tenho de comprar um manjerico.



segunda-feira, 16 de junho de 2025

 



Bom dia com poesia, já que a tristeza, a ganância e o terror da guerra continuam por esse mundo.

Na natureza todos os seres se entreajudam.
Quanto ao género humano, parece que cada um quer ser superior ao outro.


A vida de muita gente
Não merecia tanta tristeza e tanta dor
Todos devíamos poder sorrir
Ao levantar do dia
Todos devíamos ser amados
E poder amar alguém
Até ao anoitecer
Dos nossos corações.




quinta-feira, 12 de junho de 2025

Cadamentos de Santo António 2025

 


                                   Santo António de Júlia Ramalho



Evento dos Casamentos de Santo António, desde 1958,no início chamado Noivas de Santo António, foi uma iniciativa criada para proporcionar a noivos com dificuldades económicas um matrimónio com tudo pago, desde os fatos à boda. Para meu grande espanto do que vi hoje nada disso se passa, constatando que pelo que vi e ouvi na reportagem televisiva que muitos deles se integram numa classe social média alta, devido às suas profissões, formados com cursos superiores. Será que o espírito do nosso santo lisboeta virou assim tanto? A realidade quotidiana de dificuldades económicas dos portugueses em geral, não apontam para isso. Que sejam felizes e que o senhor Moedas continue no seu sonho dourado.

domingo, 8 de junho de 2025

Dia 8 de Junho, Dia dos Oceanos

 Hoje, como em todos os outros dias do ano, é vital lembrar que os oceanos são essenciais ao equilíbrio do nosso planeta e à nossa sobrevivência bem como de todos os outros seres.

Que os seres humanos não se esqueçam de defendê-lo, agora e sempre.

Mar

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Sophia de Mello Breyner Andresen



terça-feira, 20 de maio de 2025

Eleições Maio 2025

 


Um pequeno poema de Irene Lisboa, de grande ironia e sempre actual.



Hoje, como noutros tempos, Portugal no seu pior.
Muito falta de diálogo, de união por uma causa maior, neste caso a do bem do portugueses e da nação, no seu conjunto.
Preponderam os interesses individuais e as questóes materiais mesquinhas de cada um.
Mas a esperança nunca morrerá no coração dos homens e mulheres que lutam por um mundo melhor.




Este mundo é um curro.
E nem um curro será.
É um beco sujo,
um velho quintal.
As vizinhas malcriadas despicam-se, espreitam-se.
Lá estão elas de mãos na ilharga:
Tira, toma, é mentira, é falso.

Irene Lisboa

Na natureza nada se perde

 





Na natureza nada se perde, tudo se transforma.

Estas simples flores da praia são a prova disso: além de embelezarem a paisagem, têm como função proteger as dunas e prender as areias.

Um belo exemplo que dão aos seres humanos
🙂




sexta-feira, 16 de maio de 2025

«Montanha-Russa»

 




Sophia de Mello B. Andresen dizia:

«A poesia não se explica, a poesia implica»

Concordo plenamente.
Tal como a vida e tudo o que vivemos
Agora ou nalgum dia
Passado ou futuro

Montanha -Russa 

Cada dia é uma montanha
Que temos de subir e de descer
Montanha-russa na feira da vida
Subimos e descemos
Choramos e rimos
Juramos que nunca mais repetimos
Mas sempre de novo somos atraídos
Já estamos cansados, pés doridos
Mas continua a ser preciso
Escalar a montanha do riso.

Maria Isabel

terça-feira, 13 de maio de 2025

 





Depois de muito viajar por esse mundo, de ver tantas coisas belas, de contactar com tantas gentes, estou cada vez mais certa disto que escrevi:

Poder

Cada vez acredito menos
Nos homens poderosos!
Cada vez acredito mais
No poder dos homens simples
Que constroem as casas
E fazem as estradas
Que lavram os campos
E deitam a semente à terra!
Só acredito nas mulheres simples
Que criam os filhos,
Por eles sofrem cheias de amor
Com mãos calejadas limpam as casas
Dia e noite tratam de tudo.
Só os simples, homens ou mulheres
Têm o poder de criar
De dar a vida
E de encher o mundo
De coisas belas!

Maria Isabel



sexta-feira, 9 de maio de 2025

 


Quando descobri Évora, fiquei a conhecer as formas, a brancura, a beleza grande e gloriosa do Alentejo.
Um exemplo desse esplendor é a Universidade de Évora. Que maravilha que deve ser estudar e passar o tempo da juventude numa Universidade assim.


«Irei a Évora descobrir o branco
a ogiva o arco a rosácea a nave
o pátio como praça.
Nada destrói a intimidade
da sua humana geometria.
Irei a Èvora para reencontrar
a perdida harmonia.»

Manuel Alegre, in Alentejo e Ninguém



quarta-feira, 7 de maio de 2025

«Teus Olhos» de Octávio Paz

 



Um poema de Octávio Paz:


Teus Olhos

Teus olhos são a pátria do relâmpago e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pássaros presos, douradas feras adormecidas,
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro
             duma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia que a manhã encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas do além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
universo que estremece,
paisagem solitária.

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"