quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Museu da Vida Romântica em Paris



Este museu, que só alguns privilegiados devem conhecer, está situado na casa do pintor Ary Sheffer, construída em 1830. É uma bonita casa branca com janelas verdes.

Situada em Pigalle, no Bairro de La Nouvelle Athènes, o museu reconstitui um harmonioso ambiente histórico que evoca o período romântico. 


O andar de baixo é dedicado à escritora George Sand: retratos, móveis e jóias dos séculos XVIII e XIX.
No primeiro piso, encontram-se os quadros do pintor Ary Scheffer e de outros seus contemporâneos.

O Museu apresenta duas exposições temporais por ano, assim como concertos, leituras e animações para crianças.


Existe no jardim um agradável salão de chá aberto de março a outubro, onde se pode conversar com os amigos, saborear um chá e desfrutar dum recanto natural maravilhoso.


São, pois, muitas as razões para ir/voltar a Paris, a cidade das luzes e dos enamorados.
Assim o regresso à Paz no Mundo nos permita.





terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

«Se num dia de sol» de Isabel del Toro Gomes


Se num dia de sol…

Se num dia de sol
Me perguntassem
O que desejaria ser
E eu pudesse escolher
Então eu diria que apenas queria
Ser uma simples lagarta
Para me transformar
Numa bela borboleta amarela
E pelos ares esvoaçar.



Se num dia de sol
Me perguntassem
Porque gosto tanto dos rios e do mar
Diria que é porque a água
Jamais se cansa de correr e de saltitar
De pedra em pedra
Repousando um pouco ali
Numa translúcida e doce lagoa
Logo se precipitando de novo acolá
De rocha em rocha
Nas ondas do imenso oceano.



Se num dia de sol
Me perguntassem
Como gostaria de morrer
Diria que como uma folha
Que de verde e luzidia
Aos poucos se transforma
Em amarela vermelha e por fim castanha
E um dia voa lá das alturas
Rodopiando como um pássaro louco
Subindo descendo ao sabor do vento
E logo ali ficar repousando
No útero da terra-mãe.

Se um dia me perguntassem...


















 


sábado, 13 de janeiro de 2018



Sob os céus de Lisboa

Sob os céus de Lisboa
Vislumbra-se 
O imenso casario
Dos bairros antigos
Com os seus telhados vermelhos
E janelas que noutros tempos
Resplandeciam ao sol
Espreguiçando-se ao longo do rio 
Aos pés do castelo.



Sob os céus de Lisboa
Espraia-se o Tejo
Correndo lento ou apressado 
Por debaixo das pontes
Até ao mar sem fim
Com os seus cais
Que trazem e levam
Gentes sonhos e canseiras 
para a outra margem.



Sob os céus de Lisboa
Sobem e descem as escadarias
As ruas inclinadas das sete colinas
Nas paredes velhas fazem-se murais
Nas igrejas brilham os vitrais
E nos becos travessas e ruas
O sol brilha de outra maneira.









segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

«POema do Menino Jesus» de Alberto Caeiro






presépio em frente da Igreja de Moscavide, Dezembro de 2017

Poema do Menino Jesus


Num meio-dia de fim de primavera
Eu tive um sonho, como uma fotografia.
Eu vi Jesus Cristo descer à terra.
Ele veio pela encosta de um monte,
tornado outra vez menino,
a correr e a rolar-se pela erva
e a arrancar flores para as deitar fora
e rir de modo a ouvir-se de longe.

Ele tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
de segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
com flores e árvores e pedras.
No céu, Ele tinha que estar sempre sério
e de vez em quando de se tornar outra vez homem
e subir para a cruz.
Estar sempre a morrer
com uma coroa toda à roda de espinhos
e os pés espetados por um prego com cabeça,
e até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe como as outras crianças.

O seu pai era duas pessoas,
um velho chamado José, que era carpinteiro.
Não era pai dele;
o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo.
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala em que
ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
e nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!





Um dia que Deus estava a dormir
e o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
e deixou-o pregado na cruz que há no céu
e serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje Ele vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso natural. 
Ele limpa o nariz no braço direito,
Ele chapinha as poças de água,
Ele colhe as flores e gosta delas e esquece-as. 
Atira pedras aos burros,
rouba fruta dos pomares
e foge a chorar e a gritar dos cães.
E porque sabe que elas não gostam
e que toda a gente acha graça,
Ele corre atrás das raparigas
que vão em ranchos pelas estradas
com aquelas bilhas nàs cabeças
e levanta-lhes as saias.

A mim [...] ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão
e olha devagar para elas.




Depois cansado, o menino Jesus adormece nos meus braços.
Levo-o ao colo para dentro de casa
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

Damo-nos tão bem um com o outro
na companhia de tudo,
que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos, os dois com um acordo íntimo
como a mão direita e a esquerda.
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens.
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ele ri dos reis e dos que não são reis,
e tem pena de ouvir falar das guerras,
dos comércios, da violência e dos navios
que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que a tudo isso falta àquela verdade
que uma flor tem ao florescer
e que anda com a luz do sol
a variar os montes, vales,
fazem doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
e como seguindo um ritual muito limpo
e todo materno até ele estar nu.




Ele adormece dentro da minha alma
e às vezes acorda de noite
e brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
põe uns em cima dos outros
e bate as palmas sozinho
sorrindo para o meu sono.
     
Quando eu morrer, filhinho,
seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
e leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
e deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba,
não há de ser ela mais verdadeira
que tudo quanto que os filósofos pensam
e tudo quanto as religiões ensinam!


                                                      Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)
                                                      VOZ: António Abujamra




sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Os murais de Odeith

Murais de Odeith à saída do metro da Amadora (ou Falagueira?)

Arte urbana.
Quatro murais que vale a pena ver com atenção, in loco.
Basta ir de metro até à Amadora (ou Falagueira?).
Vai ser a minha próxima viagem de metro, de certeza!




Zeca Afonso


Amália Rodrigues


Fernando Pessoa 


Carlos Paredes

terça-feira, 28 de novembro de 2017

«Lampo, chien voyageur» de Elvio Barlettani


Lampo, chien voyageur

Tinha este livro em casa desde 1963, mas nunca o tinha lido. Coisas do acaso.
Acho que nem o conhecia, o que era uma pena. Até chorei quando  o li. 
Vale a pena ir até uma biblioteca qualquer, para o requisitar e ler em casa. Principalmente para os que gostam de animais.

Lampo é a história verdadeira de um cão-viajante que se torna no cão mais célebre de Itália.


Um livro fantástico, uma história maravilhosa sobre amizade entre pessoas e animais, em que Lampo ( o cãozinho que gosta de viajar de comboio) vai ter por acaso a uma estação de comboio e se transforma no maior amigo do chefe da estação, funcionários, passageiros, etc. A vida dele foi atribulada, mas no final até teve direito a uma estátua.



domingo, 26 de novembro de 2017



Só para desejar a todos os amigos um bom domingo, o último de Novembro 2017, fui «rebuscar» um poema meu bem antigo, escrito em 1995, imaginem! Até a minha memória está a precisar de relembrar estas palavras e versos escritos por mim há já tanto tempo (há 22 anos, Deus o tempo passa!).

No passeio de domingo


Toda a minha gente

Anda no seu passeio de domingo

Uns para baixo, outros para cima

Uns para cá, outros para lá

Uns de carro, outros a pé

Mas todos desejam e imaginam

Um belo passeio de domingo.

Uns falam e riem alto

Outros calam-se

E escondem o sorriso

Mas todos pensam

"Que belo passeio de domingo!"

Toda a semana a trabalhar

A fugir da dor e do cansaço

Sem tempo para nada

A correr, a correr

Sem tempo para pensar.

Mas no domingo

Lá iremos passear.

                                                               24 Set./95