segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Setembro...sempre setembro



Setembro, sempre Setembro


Setembro, tantas lembranças boas, gulosas e felizes!

Ninguém vai conseguir apagar ou sequer embaciar as minhas memórias do doce mês de Setembro!!

Mês dos aniversários de nascimento de três gerações: avó, mãe e neto.

Fora o cair da folha, amarelas e vermelhas, as vindimas e o trabalho duro, o céu com mais nuvens, o rio Tejo a crescer na janela, as ruas salpicadas de cores reluzentes dos chapéus de chuva, as gotas nas janelas, o pim...pim...pim que insiste em acordar-nos, tão obstinado e aborrecido, os fatos e vestidos de cores mais quentes e muito mais bonitos, as amigas quase todas do signo virgem (ou leão ou balança, vá-se lá saber porquê).
Otempo que passa cada vez mais devagar, os filmes que se vêem mais, os livros que se lêem mais, os olhos que se abrem mais sem precisar de óculos negros que escondem tudo, as peles morenas que começam a ficar deslavadas, as corridinhas para casa ou algum refúgio, o aconchego do «chega para cá», a gatinha meiga que se senta em cima de nós, os xailes e mantas coloridas, as pantufas forradas, o croché e tricô, o lume aquecedor ou lareira, velas também a brilhar, muitas velas, os requintados cozinhados de feijão e arroz, basta de saladas porcaria de saladas, engorda não quero saber, a roupa agora tapa tudo, depois logo se vê...

Bem vou fazer qualquer coisa.
Um bolo da bolacha não escapa, tem de ser. Mas nunca igual ao da mãe, esse era sublime, digno só dos anjos e de outros seres alados...




quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004)




Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen

O antes denominado Miradouro da Graça, bem conhecido dos lisboetas e um pouco por todo os cantos do mundo, diria mesmo, foi objecto de alteração de nome, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. 
Passou a chamar-se Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, escritora e poetisa (não tenho medo de dizer esta palavra no feminino, não por questões feministas, mas soa-me muito bem, tem quatro sílabas como a palavra «escritora».
Poetisa é para mim a melhor palavra para designar todas as mulheres que se dedicam a escrever poesia. 
Se não concordarem com esta escrita e opinião, estão no vosso direito, mas a Língua Portuguesa e eu não vamos em modas, hélas!



Curiosa e apropriada é também a designação duma rua relativamente recente, na freguesia do Parque das Nações, aqui bem perto de mim, mas que ainda não descobri, um dia destes vou tentar saber onde fica, que é a Rua Menina do Mar, título e personagem principal do mais conhecido livro de Sophia de M.B. Andresen, pois é lido nas escolas por milhares de crianças e jovens.









quarta-feira, 1 de junho de 2016

Celebração do Dia da Criança 2016



Hoje celebra-se o Dia da Criança.
Devia ser, por isso, um dia de alegria, de fantasias à solta, de crianças a saltar, a fazer jogos, a passear pelas ruas das suas aldeias vilas ou cidades, felizes e contentes.
Mas isso não é infelizmente o que acontece na maior parte dos lugares do nosso Mundo.


Acontecerá até em muito poucos lugares deste planeta em crise, envolto em guerras brutais e desumanas, em lutas políticas, em pequenos ou grandes conflitos entre  homens que disputam entre si qualquer coisa, destruindo tudo à sua volta, indiferentes a tudo e a todos.
Indiferentes às crianças e a todos os mais frágeis, que são as primeiras vítimas sempre.
Estamos em 2016, séc. XXI, e continua a ser assim.


Todos devemos a erguer a nossa voz pela paz no mundo, pelas crianças de hoje, que continuam a sofrer como as de ontem, como se ilustra neste magnífico vídeo dos Pink Floid.
Felizmente que os professores (a grande maioria) já não são assim, nem eram todos assim, que a Educação e as Escolas têm evoluído para melhor, que a Esperança num mundo mais justo nos surge neste dia 1 de Junho de 2016 com o renascer do sol e do calor neste cantinho do mundo em que vivemos, com políticos mais humanos e mais empenhados.
Que a Primavera chegue finalmente neste dia dedicado às crianças!





tps://www.youtube.com/watch?v=qs35t2xFqdU

sábado, 30 de abril de 2016

«Livro do Português Errante» de Manuel Alegre




Manuel Alegre nasceu em Águeda em 1936 e é o escritor português que talvez todos conheçam mais como político do que como poeta e prosador.
No entanto, a sua produção escrita é já longa e de proeminente valor literário, interessando-nos aqui sobretudo os seus poemas, reunidos em vários livros e muitos musicados e amplamente divulgados.
Entres estes últimos contam-se Trova do Vento que passa, cantado por Adriano Correia de Oliveira, bem como muitos outros, sendo considerado um dos Poetas de Abril, um dos opositores ao regime fascista e um lutador pela instauração da liberdade em Portugal, o que se veio a concretizar no dia 25 de abril de 1974, que comemoramos agora 42 anos.

Registo aqui alguns dos seus versos, que falam do destino de errância do português e do próprio poeta, que considero memoráveis, convidando-vos a ler um pouco mais da sua obra.


Falésias Praias Areais Ardentes 

Para deixar-vos tenho o meu orgulho
que para vos deixar não tenho nada
ensinei-vos o mar o verão o julho
o alvoroço da pesca e da alvorada
os pássaros a caça o doce arrulho
do instante que passa e é tudo e é nada.
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in Livro do Português Errante, Publicações D. Quixote





quarta-feira, 27 de abril de 2016

Igreja de Santa Catarina, Calçada do Combro, Lisboa





Igreja de Santa Catarina na Calçada do Combro

Há cerca de 40 anos, quando subia e descia a Calçada do Combro, geralmente em corrida, para ir dar aulas na Escola Comercial D. Maria I, mal dava conta desta Igreja, embora ela estivesse lá. Pelo menos, nada me atraía a entrar nela, nada no seu aspecto me chamava a atenção, talvez devido à pressa e à distração da juventude.
Hoje, esta Igreja é uma das mais belas de Lisboa, foi restaurada, em parte, e fazem-se lá concertos magníficos, o que é muito bom.


É uma Igreja com vida, interessada em atrair mais pessoas para as cerimónias religiosas, mas não só. Desenvolve uma importante actividade cultural, dignifica aquela zona que já foi uma das mais importantes da cidade de Lisboa e vale a pena ser visitada. Obra prima da arquitectura barroca (o seu órgão é magnífico), é uma excelente maneira de mostrar aos alunos o que foi o Barroco.
Aqui fica a resenha da sua história.


Fundada pelos religiosos de São Paulo da Serra de Ossa, a então designada Igreja do Santíssimo Sacramento foi edificada na 2ª metade do séc. XVII, a partir de 1654, adossada ao Convento dos Paulistas.
Após o Terramoto de 1755, foi objecto de reedificação, concluída em 1763. No séc. XIX, a partir de 1835, a igreja passou a Paroquial sob o orago de Santa Catarina. Classificada como Monumento Nacional, esta igreja conventual, traduzindo uma arquitectura religiosa barroca, apresenta planta longitudinal, em cruz latina, articulada com o convento, formando um U. É uma igreja de nave única com capelas laterais, transepto saliente e capela-mor profunda. A sua fachada principal evidencia três corpos separados entre si e delimitados lateralmente por duplas pilastras. O corpo central, de dois andares, surge rematado por frontão curvo decorado com a Custódia do Santíssimo Sacramento. Os dois corpos laterais servem de apoio a duas torres sineiras, de secção quadrada, decoradas com balaústres, ao mesmo tempo que, no piso térreo, enquadram uma galilé, à qual se acede por meio de três arcos de volta inteira, separados entre si por pilastras simples. Aí, o portal central, ladeado por pilastras, encontra-se rematado por frontão triangular interrompido pela representação relevada da Custódia do Santíssimo Sacramento. Por sua vez, o portal localizado mais à esquerda permite o acesso à antiga portaria conventual. No interior merecem destaque a talha joanina do altar-mor, a beleza do órgão, verdadeiro monumento de talha dourada, e os estuques ornamentais, que revestem a abóbada de arco abatido da nave, datados do 3º quartel do séc. XVIII e executados por João Grossi e Toscanelli.




Dados do mapa
Dados do mapa ©2016 Google
Dados do mapaDados do mapa ©2016 Google
Dados do mapa ©2016 Google
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sexta-feira, 1 de abril de 2016

António Aleixo, poeta popular



António Aleixo

António Aleixo nasceu a 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António. Foi guardador de cabras, cantor popular, soldado, polícia, tecelão, servente de pedreiro em França, vendedor de lotaria, intitulando-se a si próprio como «poeta cauteleiro».
Percorria as feiras improvisando à guitarra ou vendendo folhas avulsas com as suas quadras e versos.
A sua enorme facilidade em exprimir-se poeticamente de forma concisa e simples, com humor, escolhendo a palavra exacta, a sua sensibilidade sobre as condições sociais da vida humana, fazem dele um dos grandes poetas populares portugueses.
Morreu vítima de tuberculose, em 1949, em Loulé, culminando desta trágica forma a sua vida cheia de dificuldades e acontecimentos infelizes, contras os quais lutou sempre, com a ajuda da sua poesia e de alguns amigos que lhe foram valendo nos infortúnios e doenças.
Aqui ficam algumas das suas quadras, para que a sua memória não se apague.

Fui polícia, fui soldado,
Estive fora da nação;
Vendo jogo, guardei gado,
Só me falta ser ladrão. 



Descreio dos que me apontem
Uma sociedade sã:
Isto é hoje o que foi ontem
E o que há-de ser amanhã.


Se fazes tudo às avessas,
Para que prometes tanto?
Não me faças mais promessas,
Bem sabes que não sou santo.


É um moço inteligente
O que passou há bocado;
Julga enganar toda a gente,
Mas ele é que é enganado.


Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que dizes.

António Aleixo, Este livro que vos deixo...


estátua de autoria de Lagoa Henriques

segunda-feira, 21 de março de 2016

«Ao longe»



Ao longe

Longe

Quero ficar bem longe daqui

Bem longe

Das cidades empoeiradas

Encaixadas noutras cidades

Onde os prédios são tórridas torres

Onde não se vêem pessoas

Apenas almas penadas, fantasmas

Apenas tijolos vidros paredes pardas


Quero ir para um lugar bem longe daqui

Onde não haja auto estradas, viadutos

Pontes guindastes em suspensão

Atravessando enormes rios poluídos

Tanto trânsito que nem já dá para respirar

Só para morrer e sufocar

Engarrafados em fumo e podridão


Quero ir para um lugar

Onde possa ter uma janela
Aberta de par em par

Com cortinas brancas a esvoaçar

Donde se possa ver à noite o céu escuro

Admirar as estrelas a piscar

Milhões de astros cavalgando pégasos

Que descem até ao meu jardim

De crisântemos, cravos, rosas e jasmim

Dando lugar a novas constelações

Duendes travessos fadas e anões

E o mundo finalmente seria melhor

Com todos esses seres e com todas as cores

                                                      21 de Março 2016