sábado, 28 de novembro de 2015

A escola da vida


A Escola da Vida



Na escola da vida não há intervalos.

                                                                      Jorge Amado, Os Pastores da Noite




domingo, 19 de julho de 2015

Alberto Caeiro


 
Alberto Caeiro
 
Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, foi venerado como mestre pelos outros heterónimos e até pelo seu criador.
Nasceu em Lisboa, mas passou a vida no campo, como «guardador de rebanhos».

 
O seu rebanho, esclareceu num poema, eram os seus pensamentos.
 
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.


Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.


Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho.

                                     Poemas de Alberto Caeiro

terça-feira, 7 de julho de 2015

Escola comercial D. Maria I - uma história singular


Palácio Cabral, em frente à escola

A antiga Escola Comercial D. Maria I, situada no Largo Dr. António de Sousa de Macedo, ao fundo da Calçada do Combro, é talvez a escola com a história mais longa e mais original de todas as escolas.
Palácio dos condes de Mesquitela, porta brasonada

Depois de ter sido  a Escola Rodrigues Sampaio, depois de ter formado gerações de meninas para os vários trabalhos do comércio e afins, dactilógrafas, contabilistas, secretárias, empregadas de escritório... ( os rapazes eram «deportados» para o vizinho Passos Manuel, ainda por cima à noite, para evitar contactos), depois de anos e anos de abandono, a escola virou ... Hotel.

Palácio Cabral, em frente à escola, actualmente

Foi nesta escola que estudou o meu pai (por coincidência), e onde eu comecei em 1975 a minha carreira de professora, com apenas 21 anos, em tempos conturbados de revoluções e contra-revoluções.
Aí passei 4 anos que nunca esqueci, dando aulas a adultos ( dos 20 aos 70 anos) à noite, e a adolescentes durante o dia, numa escola já muito velhinha mas que me fascinava.

Pormenor do Palácio Cabral

Chovia dentro de algumas salas, havia uma bela e pequena capela, algumas aulas eram dadas numa espécie de «sótão» para onde se subia por umas escadas estreitas, na sala de professores havia uma mesa enorme comprida onde todos se sentavam à volta, como se fosse a Távola Redonda (rectangular, neste caso).


Excursão de antigos alunos e alunas

Enfim, tudo era diferente do que eu poderia imaginar que fosse uma escola, e tudo se tornava uma  verdadeira aventura. 
Como se isto fosse pouco, como aquele espaço era pequeno para tantos alunos, íamos também dar algumas aulas num antigo palácio mesmo em frente , o Palácio Cabral, também arrendado pelo Ministério da Educação. Aí passaram-se coisas incríveis, agradáveis e desagradáveis, como sempre. Os alunos do 7º ano tinham doze ou treze anos, andavam por lá aos pulos e aquilo abanava tudo, pum pum pum, não tinham pátio de recreio e tinham de brincar lá dentro. Nem quero imaginar como seria se fossem destas crianças de agora, tinham deitado o palácio abaixo, pela certa!



O que nos valia, a alunos e professores, era ter a paragem dos elétricos mesmo em frente ao portão de baixo (havia dois portões), na Calçada do Combro, quando não a subíamos e descíamos a pé. Ainda o elétrico 28 não era tão célebre, já nós o usávamos todos os dias!

E assim foi passando o tempo...Hoje recordo a Escola D. Maria com comoção, onde me estreei como professora, onde conheci alguns dos melhores alunos e amigos da minha vida. Fantásticas pessoas, que trabalhavam o dia todo e estudavam com afinco à noite, às vezes com muito sono e cansaço.
Assim, valia a pena ensinar.
Agora, a escola D. Maria virou Hotel. Ou apartamentos de luxo, caríssimos, o que vai dar ao mesmo.
Ficou para sempre na memória de muitos e a sua longa e pitoresca história só quem passou por lá a conhece, já que os turistas ou residentes actuais não a vão saber nunca!



segunda-feira, 6 de julho de 2015

«O Carrossel» de Maria Isabel



 
O Carrossel
 
 
Lá vamos nós no Carrossel
Cada dia a subir e a descer
Carrossel na grande Feira da Vida
Subimos e logo descemos
Choramos e logo rimos
Juramos que nunca mais repetimos
Mas sempre somos atraídos
De novo, pelo Carrossel
Já estamos cansados
Os pés sofridos
Mas continua a ser preciso
Andar no Carrossel do riso.
 
 
                                                   Maria Isabel, Julho 2015
 
 

sábado, 20 de junho de 2015

«O Segredo» no Parque Eduardo VII

 
O Segredo de Lagoa Henriques
 
O Segredo” é um grupo escultórico constituído por duas figuras femininas que segredam, obra realizada no material que Mestre Lagoa Henriques melhor manuseou - o bronze.
Esta peça foi distinguida em 1961 (ano em que foi construida) com o 1º Prémio de Escultura na «II Exposição de Artes Plásticas» da Fundação Calouste Gulbenkian.
«O Segredo» vagueou por outras mostras. Esteve exposto no Museu Rodin, em Paris e em 1988 na Avenida da Liberdade, por ocasião da «Libesc’88» (Bienal Internacional de Escultura e Instalação).

Dez anos depois, foi colocada num espaço público, no alto do Parque Eduardo VII. Lagoa Henriques nunca quis vender esta escultura, tendo a intenção de não se desligar dela e desejando passar o resto da vida com aquele momento especial que, para ele, deve ter sido inesquecível.
«Não é uma peça feita por encomenda. Fi-la para mim, foi feita para reproduzir um deslumbramento», sublinha o escultor, acrescentando que «O Segredo», encerra «uma grande carga dramática». Como todos os segredos, este encerra uma história que não se quer revelada.
 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Poesia na Ericeira


                                                                                               Ericeira


D' entre os homens, o Poeta é o que vive mais próximo dos animais e dos deuses.
 
Mar da Ericeira
 
O Poeta e o Herói são dois milagres; contradizem a Natureza, como duas pedras que voassem.
 
 
Poeta quer dizer Possesso. Não devemos confundir os artistas do verso com os criadores de Poesia. Os primeiros interessam apenas à Literatura, ao passo que os segundos têm um interesse vital e universal, como uma flor ou uma estrela.
 
                                       Teixeira de Pascoaes

domingo, 24 de maio de 2015

«Regresso ao Gerês» de Maria Isabel


 
Regresso imaginante ao Gerês
Regressamos ao Gerês
Neste domingo ventoso

Lá ficaram os trilhos
Das verdes montanhas
Que calcorreámos sem cessar

Lá ficaram os bancos de pedra
As fontes as cascatas as lagoas translúcidas
Que refrescaram os nossos corpos
E saciaram a nossa sede
 
Aqui estamos nós de novo
Neste domingo saudoso.
Maria Isabel