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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

«Nevoeiro» de Fernando Pessoa

 

 

Dia de nevoeiro, frio e chuva junto ao grande Tejo, que o torna enigmático.

Porque será que as pessoas nunca sabem se o nevoeiro vem ao seu encontro, impreciso, desleal, traidor?Vem sempre tão sorrateiro que, de repente, deixamos de ver o Mundo.

Será isso mesmo que ele nos quer comunicar?

Fernando Pessoa retrata como ninguém esta ausência de tudo.

Portugal a entristecer, a esvair-se pela terra adentro...

 

Nevoeiro 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Frates


Fernando Pessoa, Mensagem