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sábado, 30 de julho de 2011

«Setembro» de Silva Carvalho




Silva Carvalho nasceu a 8 de Fevereiro de 1948 em Vila do Conde.

Frequentou dois anos de Medicina na Universidade de Coimbra, antes de se exilar em Paris, França, em 1969.

Regressa a Portugal em 1975, onde se licencia em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1980.

Professor do ensino secundário, Leitor na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, E.U.A. (1985-89), na Universidade de Goa, Índia (1990-91) e na Universidade de Massachusetts, Dartmouth, E.U.A. (1997-2001).
Leccionou na Escola Secundária de Santa Maria em Sintra até 2008.

Conheci este poeta quando morava nos arrabaldes, à sombra da bela serra de Sintra e passávamos por ele fazendo compras, ele e nós. 
Tem fama de hermético, mas não me pareceu tanto assim. É um poeta diferente, um homem com uma sensibilidade e um dom da palavra fora do comum. Podia ser um grande poeta, se vivêssemos num país com oportunidades para quem tem realmente valor. Talvez no futuro venha a ser considerado um dos grandes poetas portugueses, leve prémios póstumos, etc.
Por enquanto é apenas um «poreta», como ele diz.
Gostei do seu modo de escrita em Setembro, meu mês de eleição.

Agora que agosto estrebucha na agonia, o verão
aparece. Não há estação que se cumpra idealmente.
Até no clima as variações, os percalços surgem.
Só que este verão é diferente. Setembro, mês
da despedida, será sempre setembro. O calor
extemporâneo nunca o fará agosto. Sabê-lo, assim,
é como ter meditado na essência do mundo, é
ter vivido no suspiro da reflexão quanto ser
arvora, pisa as margens da loucura.

Nunca dominei as palavras. Agora abandono-me.
Digam o que disserem, serei responsável. Mesmo
quando não concordo.


                                       Silva Carvalho in Setembro