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sexta-feira, 9 de julho de 2021

«Para ti meu amor» de Jacques Prévert (tradução de Zé Lima)




Para ti meu amor


Fui ao mercado dos pássaros

e comprei pássaros

para ti

meu amor

Fui ao mercado das flores

e comprei flores

para ti

meu amor 

Fui à feira das ferragens

e comprei cadeias

pesadas cadeias

para ti

meu amor

E depois fui à feira dos escravos

e andei à tua procura

mas não te encontrei

meu amor

Jacques Prévert




sábado, 22 de junho de 2019

Os livros



Sobre os livros escreveu assim Emily Dickson ((Amherst, 10 de dezembro de 1830 - 15 de maio de 1886) , poetisa americana que viveu grande parte da sua vida tendo como companhia os livros da biblioteca dos pais, com quem viveu sempre, juntamente com os irmãos.


Não há fragata que chegue a um livro
Para nos levar a léguas de distância,
Nem corcel que chegue a uma página
De impaciente poesia.
É também uma viagem para os mais pobres
Sem a prepotência da portagem;
Como é modesta a carruagem
Que transporta a alma humana.

Se ando a ler um livro e ele torna todo o meu corpo tão frio que parece que nunca lume algum poderá, alguma vez, voltar a aquecê-lo, sei que é poesia. Se eu sinto, fisicamente, como se o alto da cabeça me estivesse a ser arrancado, sei que é poesia. São estas as duas maneiras de que disponho para o saber. Haverá outras?

A verdade é uma coisa tão rara, é delicioso dizê-la.

Descubro o êxtase vivendo - a simples sensação de viver, é alegria pura,

                                                                                             Emily Dickson, Bilhetinhos com Poemas








quarta-feira, 17 de junho de 2015

Poesia na Ericeira


                                                                                               Ericeira


D' entre os homens, o Poeta é o que vive mais próximo dos animais e dos deuses.
 
Mar da Ericeira
 
O Poeta e o Herói são dois milagres; contradizem a Natureza, como duas pedras que voassem.
 
 
Poeta quer dizer Possesso. Não devemos confundir os artistas do verso com os criadores de Poesia. Os primeiros interessam apenas à Literatura, ao passo que os segundos têm um interesse vital e universal, como uma flor ou uma estrela.
 
                                       Teixeira de Pascoaes

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

José de Almada Negreiros

                                                                  auto-retrato
José de Almada Negreiros, nasceu em São Tomé em 1893 e faleceu em Lisboa em 1970.

retrato de Fernando Pessoa , por Almada Negreiros, 1954

Universalmente conhecido pelo retrato de Fernando Pessoa, como pintor e artista plástico, Almada Negreiros também foi poeta, romancista, ensaísta, crítico de arte, conferencista, dramaturgo, enfim, uma das mais notáveis figuras da cultura portuguesa. Um génio, na opinião de muitos.

                                                       Vitral da Igreja de Fátima, Lisboa

Na Igreja de Nossa Senhora de Fárima, em Lisboa, obra do Arquitecto Pardal Monteiro, que foi inaugurada a 13 de Outubro de 1938, são da sua autoria o portão do Baptistério, os frescos da cúpula da ábside e os magníficos vitrais, que são a parte mais visível e conhecida dos trabalhos de Almada Negreiros nesta Igreja.


A obra mais importante da sua derradeira fase criativa foi um grande painel em pedra gravada, destinado ao átrio da sede da Fundação Calouste Gulbenkian. Trata-se de Começar (1968-1969), uma obra fascinante, de complexa e mística concepção.


                         A.Negreiros a trabalhar nos painéis da Gare Marítima de Alcântara


                                                      Gare Marítima de Alcântara


 gravuras incisas na entrada da Faculdade de Letras de Lisboa


A sua poesia não ocupa, no conhecimento do público, o lugar a que tem direito. Aqui fica, então, o poema Rondel do Alentejo, de Almada Negreiros.
                                    Almada Negreiros com a mulher e pintora, Sarah Afonso

                                  Rondel do Alentejo
Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete
de luar.

Meia-Noite
do Segredo
no penedo
duma noite
de luar.

Olhos caros
de Morgada
enfeitada
com preparos
de luar.

Rompem fogo
pandeiretas
morenitas,
bailam tetas
e bonitas,
bailam chitas
e jaquetas,
são as fitas
desafogo
de luar.

Voa o xaile
andorinha
pelo baile,
e a vida
doentinha
e a ermida
ao luar.

Laçarote
escarlate
de cocote
alegria
de Maria
la-ri-rate
em folia
de luar.

Giram pés
giram passos
girassóis
e os bonés,
e os braços
destes dois
giram laços
ao luar.

O colete
desta Virgem
endoidece
como o S
do foguete
em vertigem
de luar.

Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete de luar.
                                             in «Contemporânea»


                                              Com os filhos, na Quinta de Bicesse