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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

«Quando um homem quiser» de Ary dos Santos

 


Tu que dormes à noite na calçada do relento

numa cama de chuva com lençóis feitos de vento

tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento

és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme

numa cama de raiva com lençóis feitos de lume

e sofres o Natal da solidão sem um queixume

és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro

mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

é quando um homem quiser

Natal é quando nasce

uma vida a amanhecer

Natal é sempre o fruto

que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar

tu que inventas bonecas e comboios de luar

e mentes ao teu filho por não os poderes comprar

és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei

fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei

pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei

és meu irmão, amigo, és meu irmão


Poema: Quando o homem quiser, de...
Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas


Casa onde viveu Ary dos Santos, na Rua da Saudade, Alfama

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

O azevinho



Picos da Europa

Para a nossa geração, nascida na década de cinquenta, nunca foi possível ver este belo arbusto ao vivo, pelo menos não me lembro. Talvez ainda se vendesse quando era pequena ou jovem, depois ficou em risco de extinção por ser tão comercializado e procurado por ocasião das festas de Natal, devido aos seus frutos vermelhos e brilhantes, contrastando com o verde das folhas.
Foi numa das nossas viagens pelos Picos da Europa, que o consegui ver, emboras sem frutos, porque era tempo de Verão e já deviam ter caído.

Algumas características botânicas, para o interessados:
O azevinho é um arbusto de folha persistente da família das Aquifoliáceas, do género Ilex, de crescimento muito lento, atingindo em adulto de quatro a seis metros de altura e podendo viver mais de cem anos. Alguns exemplares atingem porte arbóreo e podem chegar aos 15 m ou mais.
A espécie Ilex aquifolium L., aparece de forma espontânea em Portugal continental e a espécie Ilex canariensis Poir. ou Ilex perado Aiton, na ilha da Madeira e nos Açores.
Corre o risco de extinção no nosso país, razão pela qual é proibida a sua colheita, transporte e comercialização em Portugal continental.










terça-feira, 24 de dezembro de 2019

«Chove. É dia de Natal» de Fernando Pessoa



Chove. É Dia de Natal


Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés. 

Fernando Pessoa



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

«Laurinha» - miniconto de Natal de Isabel del Toro Gomes



Bom Natal 2012 para todos, já que «Feliz Natal» seria uma utopia!!
Principalmente para todas as crianças do mundo!
Elas são a esperança num futuro e num mundo melhor!
Porque também eu sonho com esse mundo, mantenho a esperança viva e penso em todas elas, principalmente nas mais desfavorecidas, escrevi este conto.





                                                Laurinha

            Laurinha era uma menina como outra qualquer. Havia apenas uma diferença: toda a garotada lá da rua gostava do Natal, todos os seus amigos ficavam encantados com a magia dos brinquedos, das festas, das músicas com sininhos, das luzes, dos doces… Menos ela!
Só ela não entendia toda aquela alegria e espalhafato.
Sua mãe, como era doce e linda a mãe Laura, tinha morrido num certo dia de Natal. Por que razão ela não entendia, era tão pequena ainda!
E desde esse dia fatídico, quando lhe perguntavam  que presente é que queria, ela escrevia: não queria nenhum computador, nem bonecas, nem jogos, nem nada... Só queria a mãe Laura de volta nem que fosse só mais uma vez, para comer rabanadas  com ela no dia de Natal. Para adormecer no seu colo só mais uma vez!
Só mais uma vez!!!




 
  

domingo, 16 de dezembro de 2012

Exposição de presépios


Numa improvisada e rápida visita a Alhandra, num domingo cinzento a ameaçar chuva, com a intenção de ver a zona ribeirinha e sonhar com grandes viagens pelo Tejo até ao mar, dei com o Museu-Casa Dr. Sousa Martins de portas abertas e fui entrando.

 
Só tive tempo de ver a exposição de presépios de Natal que se encontrava na sala de exposições temporárias, lindíssimos, feitos com materiais de todo o tipo, desde croché,  quadro em ponto cruz, folhas, bolotas, cabaças, conchas...

 
Para ver o museu propriamente dito, situado na casa onde nasceu o Dr. Sousa Martins, terei de lá voltar! Fecha às 12.30h e é de entrada livre, aos domingos.
 Parabéns ao museu e aos artistas: muita imaginação, originalidade e arte à beira rio.
 Estes são apenas alguns exemplos, pois entretanto acoube-se a bateria do telemóvel! Convido-vos assim a ir até Alhandra e ver toda a exposição in loco. Vale a pena!




domingo, 2 de dezembro de 2012

Natal em Lisboa 2012






 Natal em Lisboa 2012


Depois de um Natal em completa escuridão, em 2011, este ano temos boas notícias em Lisboa: voltámos a ter iluminações na baixa (no Rossio e no Terreiro do Paço). Não que os tempos tenham melhorado, antes pelo contrário!! Mas isto de dinheiro e de crise económica parece que tem os seus segredos. Quando é preciso, o dinheiro aparece. O contribuinte paga!!!
E António Costa está a trabalhar bem para ganhar de novo a Câmara de Lisboa!!! Sim, porque não acredito que os comerciantes vendam mais só porque têm as ruas iluminadas, nem que este Natal os vá salvar da desgraça!!
Mas temos iluminações e ficamos todos muito contentes!!!

Com o espírito natalício, mesmo pobrezinho, voltam os concertos de Natal nas Igrtejas de Lisboa. Eu sou uma das fãs destes concertos, alguns em magníficas igrejas, como é o caso da de S. Agostinho, em Marvila, uma relíquia quase escondida num típico bairro lisboeta. Vou sempre que posso. O programa parece-me excelente, como sempre. E é de entrada livre!!!
Para vos facilitar a vida, aqui fica o site:

  http://www.egeac.pt/application/uploads/files/Programa_NatalemLisboa_2012.pdf

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

«Natal 2011» de Isabel del Toro Gomes



Não nos deixemos derrubar pelas circunstâncias adversas dos tempos que vivemos e que nos calharam em sorte. Um Feliz Natal a todos os leitores e amigos, com muita esperança em dias melhores que hão de vir, se todos nós quisermos.


Natal 2011

Onde foram parar
Os natais felizes de outrora?
Onde estão
As DOCES recordações dos dias
Belos frios e nevados?
DOS PRESÉPIOS NAS RUAS CHEIAS DE LUZ
DAS ÁRVORES E CÉUS REPLETOS DE ESTRELAS?
DA ALEGRIA DO CIRCO E DAS CRIANÇAS
DAS CONSOADAS E DAS RABANADAS?
Porque se foram embora?
Nada deles parece restar
Para além das imagens
DOS POSTAIS ILUSTRADOS
À VENDA NAS LOJAS SEM GENTE
SEM DINHEIRO  SEM ESPERANÇA e sem nada.
E DO NOSSO PAÍS SÓ PARECE TER FICADO
O RETRATO DUM FANTOCHE DESARTICULADO.

                       
                                         Isabel del Toro Gomes, 19 de Dezembro 2011


domingo, 18 de dezembro de 2011

«Natal» de Álvaro Feijó

 Presépio montado no Parque de Campismo de Almornos.

 Num momento de dificuldades como o que vivemos, faz todo o sentido recordar este poema de Álvaro Feijó. 
Nem todos os meninos nascem num berço de ouro, muitos não têm mesmo berço nenhum. 
A história de Jesus é a história de todas as crianças do mundo que não foram bafejadas pela sorte de possuirem bens materiais. Mas muitas das vezes, são bem mais ricas do que as outras, pois não é o dinheiro que lhes dá felicidade,  antes o carinho e o amor dos que o rodeiam e os ajudam a crescer.
Aqui fica o testemunho do meu afeto e respeito por todas elas, através das palavras e da poesia de Álvaro Feijó.

Natal
Nasceu.
Foi numa cama de folhelho
entre lençóis de estopa suja
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroas de espinhos
mas coroa de baionetas
postas até ao fundo
do seu corpo.
Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.

                                 Álvaro Feijó, in Diário de Bordo

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Bom Natal a todos

Para todos os meus leitores e amigos, faço votos que tenham um Natal Feliz, com a prenda principal que é a Paz e amor. E a Poesia também!




Chove. É dia de Natal.


Lá para o Norte é melhor:

Há a neve que faz mal

E o frio que ainda é pior.



E toda a gente é contente

Porque é dia de o ficar.

Chove no Natal presente.

Antes isso que nevar.



Pois apesar de ser esse

O Natal da convenção,

Quando o corpo me arrefece

Tenho frio e Natal não.



Deixo sentir a quem quadra

E o Natal a quem o fez,

Pois se vai mais uma quadra

Sinto mais Natal nos pés.



Não quero ser dos ingratos

Mas, com este obscuro céu,

Puseram-me nos sapatos

Só o que a chuva me deu



Fernando Pessoa