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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Manuel Hermínio Monteiro





 Manuel Hermínio Monteiro nasceu em Vila Real, a 10 de setembro de 1952. Faria hoje 60 anos.
Relembramo-lo aqui, não só como editor, impulsionador da cultura em Portugal mas sobretudo como grande dinamizador da poesia.
Uma das suas últimas iniciativas neste âmbito foi a antologia Rosa do Mundo 2001 Poemas para o Futuro. Esta obra, lançada pela Assírio & Alvim em parceria com a Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, reúne em cerca de 2000 páginas uma coleção de 2001 poesias de todo o mundo e de todas as épocas. Editada em maio de 2001, acabou por funcionar como um legado de Hermínio Monteiro, que viria a falecer a 3 de junho desse mesmo ano.




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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

«À maneira de uma cosmogonia» de Manuel Hermínio Monteiro




Assim escreveu Manuel Hermínio Monteiro (1952-2001), editor e homem do leme da Assírio & Alvim, que apostou sempre em divulgar os poetas menos conhecidos portugueses, bem como os maiores. Ninguém o fez melhor, até hoje. Com tanta paixão, tanto sentido estético, ético e poético. Sabendo bem que a poesia comanda a vida e pode salvar os homens. Passados dez anos da sua morte, relembremos a sua voz.


Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração. E começaram a ver o mundo conjuntamente, estabelecendo uma inseparável relação que perdurará para sempre. Não demorou muito a que a poesia se emancipasse, autonomizando-se. Como uma rosa de cujas pétalas centrípetas emana a beleza e o mais intenso perfume, sem nunca prescindir da defesa vigilante dos seus espinhos, assim cresceu livre a poesia carregada de silencioso mistério e sedução. Evitou sempre a vaidade. Mas o vento da história, inapercebidamente, por vezes, demorou-se nela libertando o seu perfume, soltando os seus enigmas, fazendo-a avançar com todo o esplendor. E nada existe que a poesia não tenha experimentado, desde o mais recôndito silêncio do deserto, ao fragor das batalhas mais sangrentas. Da mais humilde das intimidades, ao luxo sinuoso do palácio. Com o tempo, e já depois da comunhão primordial, era o homem, por necessidade de uma comunicação maior, que a procurava e lhe abria o coração até que ela, muito discretamente, voltava a estremecer no seu sangue.
Poesia e homem criaram assim uma cúmplice e indissociável relação por todo o mundo, embora a História pouco se tenha disso apercebido. Hoje sabemos que haverá sempre seres humanos que a reconhecem pela substância do seu silêncio. Pelo tempo e lugar do seu rigor de ave de arribação. Pelo seu fulgor. Pelo seu perfume. Pela riqueza inesperada das suas sugestões. Com um pequeno gesto os poetas soltam o seu pólen que, levado pelas palavras vai eternamente fecundando os arcos da beleza que erguem o universo e o põem em comunicação com Deus.

                         (introdução da antologia Rosa do Mundo – 2001poemas para o futuro)