Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Bandeira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Bandeira. Mostrar todas as mensagens

sábado, 5 de dezembro de 2020

«Canção de outono» de Paul Verlaine

 




Mais um poema sobre o Outono, de um grande poeta francês


Paul Verlaine (1844-1896)


Canção de Outono

(Tradução: Manuel Bandeira)

Estes lamentos
Dos violões lentos
Do outono
Enchem minha alma
De uma onda calma
De sono.

E soluçando,
Pálido, quando
Soa a hora,
Recordo todos
Os dias doidos
De outrora.

E vou à toa
No ar mau que voa.
Que importa?
Vou pela vida,
Folha caída
E morta.




quarta-feira, 15 de maio de 2019

«Trem de Ferro» de Manuel Bandeira


Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife,1886 - Rio de Janeiro, 1968) 

Manuel Bandeira foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. 
É considerado como parte da geração de 1922 do modernismo no Brasil.



Quando vemos aqueles filmes antigos com comboios a carvão, perece-nos mesmo que ele diz «Café com pão café com pão» como diz Manuel bandeira neste seu engraçado poema. 
Há quem diga que também pode ser «Pouca terra pouca terra». De qualquer maneira já não os podemos ouvir para confirmar. Eu ainda andei num deles, que me levou do Porto para Ofir, onde havia uma Pousada da Juventude. Nunca mais me esqueci desta viagem mítica, ainda para mais porque ia carregada duma mala muito pesada, eu pequena com 15 anos, a mala grande e pesada. Mas lá consegui  chegar e valeu a pena o esforço. 


Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?
 
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
 
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
 

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
 
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
 
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...



Fonte:
Antologia Poética. Rio de Janeiro: J.Olympo, 1976