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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Canção da Borboleta de Eugénio de Andrade

Aqui fica um belo poema de um dos meus poetas preferidos, ilustrado com borboletas fotografadas por mim. 
Sempre me fascinaram estes pequenos e secretos seres alados, e dedico agora algum do meu tempo livre a fotografá-las e a conhecê-las melhor. 

Vanessa-dos-cardos

Canção da Borboleta

Borboleta, borboleta,
flor do ar,
onde vais, que me não levas?
Onde vais tu, Leonoreta?

Malhadinha


Vou ao rio, e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver o jacarandá,
que já deve ter florido.


Leonoreta, Leonoreta,
que me não levas contigo.


                                        Eugénio de Andrade


cauda-de-andorinha







segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Eugénio de Andrade, no aniversário do seu nascimento






              Eugénio de Andrade



Este grande poeta que eu tanto admiro, nasceu num dia 19 de Janeiro, há precisamente 92 anos.
É hoje pois o dia de relembrar a sua obra.
A mãe, que o poeta invoca neste poema magnífico, sempre foi a figura que ele mais amou na vida.
Aqui fica o poema recitado por Nuno Miguel Henriques.




Mãe


www.youtube.com/watch?v=NVndAB7gmXY

sexta-feira, 12 de julho de 2013

«Verão» de Eugénio de Andrade






 Mais um poema de Eugénio de Andrade, de grande beleza porque de grande singeleza, que vem mesmo a propósito.
Calor e sol tem havido muito, caracóis é que já não se vêem como dantes, nos campos. 
Será por os terem comido todos?

Verão
Caracol, caracol,
onde vais com tanto sol?
Vou à loja do senhor Adão
comprar um girassol;
com tanto sol
Ninguém aguenta o verão.
Adeus, adeus, caracol,
tens razão,
sem guarda-sol
ninguém aguenta este sol.


                                                                    Eugénio de Andrade



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

«Metamorfoses da casa» de Eugénio de Andrade

 
Eugénio de Andrade (pseudónimo de José Fontinhas) nasceu no Fundão em 1923 e morreu no Porto em 2005.
É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, que conseguiu impor a sua singularidade, mantendo-se sempre independente de toda e qualquer filiação.
Recebeu o Prémio Camões em 2001. 

Vergílio Ferreira, no seu livro Espaço do invisível 2, escreve:

...na poesia de Eugénio de Andrade não há espaços desocupados para neles nos instalarmos nós. O «fruto» é bem o símbolo da sua arte poética. Fechado, uno, compacto, não há senão que saboreá-lo, admirá-lo, tocá-lo a dedos puros para o não conspurcar. Um Eduardo Lourenço deve ter-nos dado a chave dessa singularidade, ao frisar-nos o que havia de «paraíso sem mediação» nessa poesia de plenitude assumida, de morada que se não contrapõe ao mundo mas é de si a única morada do poeta, transparente de pureza na pureza da palavra.

Foi decerto por tudo isto que a poesia de Eugénio de Andrade me agradou sobremaneira, quando a reli com mais atenção há algum tempo. A ponto de afirmar que era o meu poeta de eleição. Poeta da vida plena, que admite que «a morte não existe», porque «tudo é canto e chama». Não obstante a solidão, a amargura, a tristeza, ele afirma uma enorme vitalidade e plenitude solar.
A água é, deste modo, um elemento que trespassa e unifica a sua poesia. Tal como a pedra, a casa, o barco, o bosque.

 
 
  Metamorfoses da casa


Ergue-se aérea pedra a pedra
a casa que só tenho no poema.


A casa dorme, sonha no vento
a delícia súbita de ser mastro.


Como estremece um torso delicado,
assim a casa, asssim um barco.


Uma gaivota passa e outra e outra,
a casa não resiste: também voa.


Ah, um dia a casa será bosque,
à sua sombra encontrarei a fonte
onde um rumor de água é só silêncio.

                                                             Eugénio de Andrade