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domingo, 8 de fevereiro de 2015

«SEI DE UM RIO» de Camané

 
 
Um belo poema de Camané para um belíssimo rio, o rio Douro.
 

SEI DE UM RIO
 
 
                                                                                          Rio Douro e barco rabelo

 
Sei de Um Rio
 
Sei de um rio...
Sei de um rio
Em que as únicas estrelas
Nele sempre debruçadas
São as luzes da cidade
Sei de um rio…
Sei de um rio
Rio onde a própria mentira
Tem o sabor da verdade
Sei de um rio
Meu amor, dá-me os teus lábios!
Dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede!
Mas o sonho continua…
E a minha boca (até quando?)
Ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
- Sei de um rio…
Sei de um rio…
Sei de um rio…
Ai!
Até quando?

                                                                                   Camané

                                 Rio Douro, comboio para Tormes 


domingo, 28 de julho de 2013

Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)

 Álvaro de Campos
 




Grandes são os desertos, e tudo é deserto.



http://youtu.be/46kilOmMCEU?list=RD46kilOmMCEU

O  poema Ai Margarida, do heterónimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, é maravilhosamente cantado por Camané. Aqui fica o seu registo.

Ai, Margarida

Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
Tirava os brincos do prego,
Casava c’um homem cego
E ia morar para a Estrela.




Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
(Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
No sentido de morrer? 
Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia? 
Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

Comunicado pelo Engenheiro Naval Sr. Álvaro de Campos, em estado de inconsciência alcoólica.


                                              
                                               Campo de margaridas, Olhos de Água