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domingo, 14 de julho de 2013

«Elogio da Dialética» de Bertolt Brecht


Em todos os tempos assim foi e assim será. 
Brecht não nos dá conselhos, não nos avisa, não nos força a nada.
Brecht aponta para a realidade que será nossa em breve, um qualquer dia das nossas vidas, se não desistirmos.

Bertolt Brecht (1898/1956)

Elogio da Dialética
(tradução de Arnaldo Saraiva e Sylvie Deswarte)

A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
 O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração: isto é apenas
                                                                                   o meu começo. 
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.

Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca? 
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? Também de nós.
O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje.