domingo, 19 de julho de 2015

Alberto Caeiro


 
Alberto Caeiro
 
Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, foi venerado como mestre pelos outros heterónimos e até pelo seu criador.
Nasceu em Lisboa, mas passou a vida no campo, como «guardador de rebanhos».

 
O seu rebanho, esclareceu num poema, eram os seus pensamentos.
 
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.


Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.


Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho.

                                     Poemas de Alberto Caeiro

terça-feira, 7 de julho de 2015

Escola comercial D. Maria I - uma história singular


Palácio Cabral, em frente à escola

A antiga Escola Comercial D. Maria I, situada no Largo Dr. António de Sousa de Macedo, ao fundo da Calçada do Combro, é talvez a escola com a história mais longa e mais original de todas as escolas.
Palácio dos condes de Mesquitela, porta brasonada

Depois de ter sido  a Escola Rodrigues Sampaio, depois de ter formado gerações de meninas para os vários trabalhos do comércio e afins, dactilógrafas, contabilistas, secretárias, empregadas de escritório... ( os rapazes eram «deportados» para o vizinho Passos Manuel, ainda por cima à noite, para evitar contactos), depois de anos e anos de abandono, a escola virou ... Hotel.

Palácio Cabral, em frente à escola, actualmente

Foi nesta escola que estudou o meu pai (por coincidência), e onde eu comecei em 1975 a minha carreira de professora, com apenas 21 anos, em tempos conturbados de revoluções e contra-revoluções.
Aí passei 4 anos que nunca esqueci, dando aulas a adultos ( dos 20 aos 70 anos) à noite, e a adolescentes durante o dia, numa escola já muito velhinha mas que me fascinava.

Pormenor do Palácio Cabral

Chovia dentro de algumas salas, havia uma bela e pequena capela, algumas aulas eram dadas numa espécie de «sótão» para onde se subia por umas escadas estreitas, na sala de professores havia uma mesa enorme comprida onde todos se sentavam à volta, como se fosse a Távola Redonda (rectangular, neste caso).


Excursão de antigos alunos e alunas

Enfim, tudo era diferente do que eu poderia imaginar que fosse uma escola, e tudo se tornava uma  verdadeira aventura. 
Como se isto fosse pouco, como aquele espaço era pequeno para tantos alunos, íamos também dar algumas aulas num antigo palácio mesmo em frente , o Palácio Cabral, também arrendado pelo Ministério da Educação. Aí passaram-se coisas incríveis, agradáveis e desagradáveis, como sempre. Os alunos do 7º ano tinham doze ou treze anos, andavam por lá aos pulos e aquilo abanava tudo, pum pum pum, não tinham pátio de recreio e tinham de brincar lá dentro. Nem quero imaginar como seria se fossem destas crianças de agora, tinham deitado o palácio abaixo, pela certa!



O que nos valia, a alunos e professores, era ter a paragem dos elétricos mesmo em frente ao portão de baixo (havia dois portões), na Calçada do Combro, quando não a subíamos e descíamos a pé. Ainda o elétrico 28 não era tão célebre, já nós o usávamos todos os dias!

E assim foi passando o tempo...Hoje recordo a Escola D. Maria com comoção, onde me estreei como professora, onde conheci alguns dos melhores alunos e amigos da minha vida. Fantásticas pessoas, que trabalhavam o dia todo e estudavam com afinco à noite, às vezes com muito sono e cansaço.
Assim, valia a pena ensinar.
Agora, a escola D. Maria virou Hotel. Ou apartamentos de luxo, caríssimos, o que vai dar ao mesmo.
Ficou para sempre na memória de muitos e a sua longa e pitoresca história só quem passou por lá a conhece, já que os turistas ou residentes actuais não a vão saber nunca!



segunda-feira, 6 de julho de 2015

«O Carrossel» de Maria Isabel



 
O Carrossel
 
 
Lá vamos nós no Carrossel
Cada dia a subir e a descer
Carrossel na grande Feira da Vida
Subimos e logo descemos
Choramos e logo rimos
Juramos que nunca mais repetimos
Mas sempre somos atraídos
De novo, pelo Carrossel
Já estamos cansados
Os pés sofridos
Mas continua a ser preciso
Andar no Carrossel do riso.
 
 
                                                   Maria Isabel, Julho 2015