quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2015 - um ano mesmo renovado

Ano renovado
 
 
 
 
Desejar a todos os amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos um Feliz Ano Novo não me satisfaz e soa-me a falso.
 
Mas o que dizer, quando nos estamos a afundar e vem uma mão  carregar ainda mais para baixo, fingindo que nos querem salvar?
 
 
 
Então direi:
- Que sejamos como a plantinha que brota da lama seca;
- Façamos como as águas dos rios que correm sem parar, ultrapassando todos os obstáculos;
- Resistemos sem tréguas contra os que nos querem tirar a liberdade de falar ver e ouvir, de sermos um pouco mais felizes.
 
 
 


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

«O livro do ano» de Afonso Cruz





Afonso Cruz
 

  • Afonso Cruz (Figueira da Foz, 1971) é um escritor, realizador de filmes de animação, ilustrador e músico português.
  • Estudou na Escola Secundária Artística António Arroio, nas Belas Artes de Lisboa e no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira.
  • Vive num monte alentejano perto de Casa Branca, no concelho de Sousel.
  • Publicou o primeiro romance em 2008, A Carne de Deus — Aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites (Bertrand), ao qual se seguiu, em 2009, Enciclopédia da Estória Universal (Quetzal Editores), distinguido com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. Em 2011, publicou Os Livros Que Devoraram o Meu Pai (Editorial Caminho), galardoado com o Prémio Literário Maria Rosa Colaço, e A Contradição Humana (Caminho), vencedor do prémio Autores SPA/RTP. Em 2012, foi distinguido com o Prémio da União Europeia de Literatura com o livro A Boneca de Kokoschka (Quetzal, 2010).  Jesus Cristo Bebia Cerveja (Alfaguara, 2012)  foi considerado o Livro Português do Ano pela revista Time Out Lisboa e o Melhor Livro do Ano segundo os leitores do jornal Público. Já em 2014, Para onde Vão os Guarda-chuvas (Alfaguara, 2013) venceu o Prémio Autores para Melhor Livro de ficção Narrativa, atribuído pela SPA.
  •  Foi eleito, pelo jornal Expresso, como um dos 40 talentos que vão dar que falar no futuro.
 
Não conhecia ainda este autor, pelos vistos tenho andado  muito distraída. Ou os meios de informação não têm cumprido bem o seu papel de dar a conhecer outras pessoas/outros autores, pois damos sempre com os mesmos de sempre encavalitados na cadeira do poder mediático.

 
 
Graças à minha filha, Susana, que me ofereceu O Livro do Ano (Alfaguara, 2013) no Natal passado, livro com pequenas estórias cheias de sabedoria e de humor para quase todos os dias do ano, entrei no mundo literário deste maravilhoso autor. Convido-vos a fazer o mesmo.
 
 
 
24 de Dezembro


 
O Pai Natal passa o ano a sacudir as almofada,
que é onde ficam os restos dos nossos sonhos,
disse eu à minha irmã mais nova. É assim
que ele sabe o que mais desejamos.

Ela fez bem em não acreditar.

                              O Livro do ano, Afonso Cruz
 
 
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Évora - a cidade para além da prisão

 
 
 
 
 
 
 
 Évora, a cidade para além da prisão
 
 
A partir de Novembro 2014, a bela cidade de Évora ficou confinada a umas paredes de prisão, como se não houvesse mais nada para além dela. Tudo porque foi para lá levado o ex-primeiro ministro José Sócrates, depois de detido no aeroporto da Portela, vindo de Paris (tal como Jacinto de A Cidade e as Serras).

 
Compreende-se o interesse dos media, que para lá correram desenfreados e da porta da cadeia não saem, por nada deste mundo.

 
É pena que os mesmos media não tenham dado outras imagens duma das nossas mais belas e históricas cidades, ignorando-a completamente. Agora não interessa ao público, dirão eles. Ora o público vê o que lhe dão para ver...


 











Penso numa criança ou jovem que nunca foi a Évora, ou mesmo muitos adultos, que pensarão que não há lá mais nada além duma cadeia e reclusos.
 
Tive a sorte de a ter visitado algumas vezes. Estes são os registos dum Outono de 2009. E não vi cadeia nenhuma, obviamente. Para os turistas, não interessa nada a cadeia!
 
 
 
 


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Nella Maissa

                                                                


 Nella Maissa


Nella Maissa morreu hoje com 100 anos.
Nasceu em Turim em 1914, casou com Renato Maissa, um judeu português, na sinagoga de Milão, em 1936, tendo vindo para Portugal em 1939. 
Foi aluna de piano de José Vianna da Motta e iniciou a sua carreira musical em 1932,  carreira que terminou apenas em 2008, já aos 94 anos de idade.
Maissa desempenhou um importante papel na divulgação da música portuguesa, principalmente  a de João Domingos Bomtempo, tendo por esse facto recebido, em 1974, o Prémio Especial da Imprensa.


Uma notícia triste para todos os melómanos e para a música portuguesa, não obstante a provecta idade desta maravilhosa pianista.
Interrogo-me como terá sido a vida de alguém que atravessa duas guerras mundiais, vindo para Portugal e aí fazendo toda a sua vida como pianista.
Interrogo-me como será viver 100 anos, a tocar e a ouvir música, num pequeno país como Portugal.
Apenas a ouvi tocar através da rádio, bem como ouvi a sua voz numa entrevista da Antena 2.
No entanto, isso chegou para me emocionar e fascinar, é qualquer coisa de extraordinário, que sabemos única, que não pode acontecer mais.





domingo, 16 de novembro de 2014

«Blue Tango» de Leroy Anderson




Recordação dos longínquos anos 50, em que muitos de nós nasceram:

Blue Tango, composto por um americano de Boston, Leroy Anderson,  filho de pais suecos e estudioso de línguas guturais, no ano de 1952. 
 Foi tocado e cantado por todos, mas a melhor voz que o interpretou foi a de Gisele Mackenzie, cantora canadiana.
Aqui fica o registo deste Tango Azul, numa tarde de nostalgia outonal.




https://www.youtube.com/watch?v=rymW8rvSEMM&list=RDiOpdZBoc-xg

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Por terras do Douro

 
Logo depois de atravessarmos uma trémula ponte de pau, sobre um riacho quebrado por pedregulhos, o meu Príncipe, com o olho de dono subitamente aguçado, notou a robustez e a fartura das oliveiras... E em breve os nossos males esqueceram ante a incomparável beleza daquela serra bendita!
 
                                                                              Eça de Queirós, A cidade e as serras
 
 
 
Férias no Douro
 
Passar alguns dias na Casa do Almocreve neste mês de Agosto de 2014 foi, para mim, uma bela experiência e uma ótima oportunidade de conhecer mais um pouco desta paisagem do Douro, in loco.
 



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma coisa é passar por lá, ver aquelas magníficas paisagens a bordo de um barco, de um comboio ou de carro (o que já é magnífico), outra é ficar mesmo lá a viver alguns dias, fazer passeios a pé, percorrer todos ou quase todos os recantos, reinventarmos um caminho nosso, à imagem de Jacinto, do romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.
 
 

 
 
Nesta Casa, bem lá no alto, na Portela do Gôve,  é-se bem acolhido por gente simpática e competente,  fica-se bem alojado com vista para a Serra de Montemuro, de um lado, e para as encostas do Douro, do outro.
 
 


O único inconveniente é ter de tomar duche num quadrado de meio metro, aproximadamente, mas as paisagens compensam, bem como os deliciosos pequenos-almoços tomados na sala comum da Casa.
O restaurante em baixo também serve  bem, a preços aceitáveis. Adorei o leite creme.
 
 
 
Em resumo, valeu bem a pena. Mesmo com a chuva deste verão incerto, aproveitámos cada minuto de forma agradável, neste lugar único que é o Douro, as suas encostas e os seus socalcos. E as suas hortas, como não podia deixar de ser!
 
 
 
 
Sem dúvida, um dos nossos melhores patrimónios paisagísticos e ambientais, onde amadurecem as uvas que darão o delicioso néctar usado no fabrico do famoso Vinho do Porto.
 
 
 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

«As aventuras de Pinóquio» - filmes

Pinóquio no ano 3000
Roberto Benigni/Pinóquio
 

As aventuras de Pinóquio, de Collodi,  é um texto simbólico, que utiliza uma linguagem simples e universal. Para todas as idades.
É um dos livros mais fantásticos de todos os tempos, sobre a vida e a infância, na minha opinião.
Vi hoje, num dos canais da cabo, mais uma versão desta obra, realizada por  Roberto Benigni ( lembram-se dele no belíssimo filme A Vida é bela), que representa desta vez o papel de Pinóquio. E que papel!!!
Desde 1940 até aos nossos dias, muitos têm sido os filmes inspirados nesta história simples e comovente do boneco de madeira que quer ser menino de verdade.
 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Cores da terra e da ria

 
Na Reserva natural da Ria Formosa, perto de Olhão
A natureza é formosa e pródiga
Para homens animais e plantas
Entre o verde das piteiras e dalguns barcos
O amarelo vivo das azedas
O rosa pintado dos figos maduros
E o azul doutros barcos da ria e do céu
Tudo se mistura e nos enche os olhos
Aqui tudo é um  mundo de sonho
De terra e de pedra e de areia
De pureza e de paixão.

sábado, 21 de junho de 2014

Cânfora, a magia do Oriente



Entrou hoje o verão pelas nossas casas, timidamente.
E muitos armários ainda estão por arrumar...pelo menos na minha casa, em obras de remodelação.
O que significa que as traças ainda podem andar à solta, bem escondidas por entre os tecidos ou lãs.
O melhor remédio, quanto a mim, ainda é a cânfora.
Desde que descobri os pacotinhos de cânfora, à venda em drogarias e até na loja do chinês   do meu sítio, não quero outra coisa. Um pacotinho, que custa 80 cêntimos, tem 4 pastilhas da mágica substância retirada da seiva da canforeira.
 
Uma em cada prateleira ou gaveta, adeus traças e fica no ar um cheirinho bom(desde que não se seja alérgico, claro).
Também é conveniente não deixar ao alcance dos animais, não vá o cão ou o gato gostar de comer  estas preciosas e mágicas pastilhazinhas.
 
 
 
O único inconveniente: as gavetas são muitas, nunca chegam os pacotes de cânfora que comprei e tenho de voltar à loja para comprar mais.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

«A Paixão...» de Al Berto




Al Berto, pseudónimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares, nasceu em Coimbra em 11 de Janeiro de 1948, e morreu em Lisboa em 13 de Junho de 1997, de linfoma.

Relembrar Al Berto no dia em que faz precisamente 17 anos que morreu, é um bom motivo para este dia de Santo António.
Há os que nascem no dia deste santo casamenteiro, como Fernando Pessoa, e há os que morrem, como Al Berto. Nem um nem outro tiveram possibilidade de escolha, mas entre os dois há algo que os liga, a Poesia, a escrita e um santo. E provavelmente mais coisas...

A Paixão talvez seja a ausência de um corpo que desperta a intensidade da vida no interior doutro corpo; lugar onde a luz mal emergiu ainda, e as palavras se formam a partir de vestígios de silêncio...
Depois, a mão executa-as, mata-as um pouco ao alinhá-las sobre desertos brancos...

                                                                                                           Al Berto

Para verem o próprio Al Berto recitando os seus poemas na Casa Fernando Pessoa, é só clicar.

www.youtube.com/watch?v=iw6Ne1qZMsE


terça-feira, 10 de junho de 2014

« O Amor em tempos de cólera» de Grabiel Garcia Marquez


O Amor em Tempos de Cólera de Gabriel Garcia Marquez é um grande romance (371 páginas) de amor em que o autor prova que este sentimento é (e será sempre, digo eu) o grande motivo da vida universal, a energia maior que nos faz levantar todos os dias, capaz de vencer todos os obstáculos, nem que leve uma vida inteira.
 
A chama que temos de acender logo de manhã, e manter iluminada ao longo do dia. Contra tudo e contra todos!



O mesmo acontece com os manatins, esses belos e redondos animais que povoavam o rio Amazonas e alguns rios da América Latina!!



Até serem abatidos um a um, numa fúria criminosa dos caçadores que os matam a tiro, até ao extermínio quase total...


A união destes dois temas, o elogio do amor e a defesa da natureza, fazem deste livro um bom motivo para lhe dedicarmos muitas horas das nossas vidas.
 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

«Um rosto na cidade» de David Mourão-Ferreira




Sempre a poesia e os poetas, que nos salvam do efémero caótico do dia a dia a que nos querem condenar.
E as cidades que eles nos evocam, como Veneza (cidade a emergir da terra), Sevilha ou, noutra escala,  Aveiro,  também bela e pitoresca com os seus barcos e canais.
Os rostos, esses, continuam a passar pelas cidades, mas sem risos.
 
 
David de Jesus Mourão-Ferreira (1927/ 1996) 
 
 
 Veneza e as suas gôngolas
 
Um rosto na cidade



Um rosto   Uma cidade  
Um rosto sem nevoeiro
Acordas de manhã no golfo do meu ombro
E vem contigo a luz dos campi de Veneza
com a laguna ao longe e gôndolas na sombra
Um rosto   Uma cidade a espreguiçar-se ao vento
Luz de canais em torno   E de canais por dentro

Um rosto   Uma cidade  
E um rasto se adivinha
no riso de uma rua   à esquina de uma ruga
Nem vejo a tua boca   Um pátio de Sevilha
agradece em Agosto a chegada da chuva
Um rosto   Uma cidade a emergir da terra
Luz de pátio molhado   E de água na cisterna

                                                               David Mourão-Ferreira, in Matura Idade




Aveiro
De dia e à noite, com os seus  barcos moliceiros - 2004
 

sábado, 17 de maio de 2014

«É preciso avisar toda a gente...»



João Apolinário (Belas, Sintra, 1924 — Marvão, 1988) foi um poeta e jornalista português.
Combateu o fascismo tanto em Portugal como no Brasil, durante o tempo que aí esteve exilado. 
Colaborou em inúmeras publicações importantes nos dois países. É, no entanto, mais conhecido pelos seus poemas , musicados pelo filho João Ricardo e apresentados pelo conjunto Secos e Molhados.

Publicou ainda os livros Primavera de Estrelas, Apátridas, AmorfazerAmor, Poemas Cívicos e Eco Humus Homem Lógico, entre outros. Retornou a Portugal em 1975, após a Revolução dos Cravos. João Apolinário morreu a 22 de outubro de 1988, na pequena vila portuguesa de Marvão.
 
 
 
                              Urgente... Mais flores

É preciso avisar toda a gente
Dar notícia, informar, prevenir
Que por cada flor estrangulada
Há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente
Segregar a palavra e a senha
Engrossar a verdade corrente
De uma força que nada detenha.

É preciso avisar toda a gente
Que há fogo no meio da floresta
E que os mortos apontam em frente
O caminho da esperança que resta
É preciso avisar toda a gente
Transmitindo este morse de dores
É preciso, imperioso e urgente
Mais flores, mais flores, mais flores.
 
 
                              João Apolinário
 
 


sábado, 10 de maio de 2014

Abuso de poder e de liberdade


                                                                Luis de Stau Monteiro



Estava a ler a peça de teatro «Guerra Santa» de Luis de Stau Monteiro, que critica a ditadura de Salazar e a guerra colonial, quando,de repente, se fez luz e entendi finalmente o que se passou no nosso país nos últimos anos, principalmente nos da governação do XIX governo Constitucional.

É simples: houve alguns sujeitos mal formados que se aproveitaram das liberdades conquistadas pelo 25 de Abril, apropriaram-se de todos os direitos em seu próprio proveito e abusaram da própria Liberdade, que lhes foi fraternalmente concedida, para destruir um país.
Uns escalrachos, em última análise, ou seja, ervas daninhas e parasitas.




 
E ainda se dão ao desplante de dizer mal da Revolução de Abril de 74, ou de quem participou nela.
 
É por isso é que é bom ler!! 


quarta-feira, 30 de abril de 2014

«Liberdade»

 
 
 
Liberdade
 
Só merece a liberdade e a vida aquele que as conquista a cada instante.
 
                                                                  Goethe, Fausto