terça-feira, 23 de agosto de 2011

«Sargaceiro» de Álvaro Feijó



Álvaro Feijó (sobrinho-neto de um grande poeta português - António Feijó) nasceu em Viana do Castelo em 1916 e morreu em Lisboa em 1941, com vinte e cinco anos apenas. Mais um poeta malogrado, a juntar a tantos outros da sua época, que não teve tempo para viver nem para desenvolver o seu talento literário.
Em Coimbra, onde estudava Direito, foi um dos primeiros jovens que a Guerra de Espanha despertou para uma poesia polémica, «engagée», que veio a concretizar-se na coleção Novo Cancioneiro.
Publicou apenas um livro em vida, Corsário, onde revela o seu lirismo sarcástico e peculiar.
Lembremos aqui este nome e a sua poesia, que merece um lugar no rol dos poetas infelizes, do início do séc. XX. 


Sargaceiro

É longo e pesado o engaço!
A barca vem cheia
de suor e de sargaço
e fome.
Tanto e nada!
Sargaceiro!
Limpas sargaço
do fundo deste mar
que, para ti, é baço
e não tem aquele aspeto sonhador
que nós lhe damos.
Ele, o mar...
Empresta-me o teu engaço:
há tanto que limpar!

                                     in Os poemas, de Álvaro Feijó




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